Apesar de sair em liberdade graças ao dinheiro de que a família dispunha, o famoso João Passarinho foi submetido a apertado interrogatório acerca da sua capacidade para produzir dinheiro falso, tendo-se apurado que tinha desviado as máquinas para o seu fabrico a partir da reprografia do CFL. Uma pesquisa atenta aos autos, permitiu reconstituir os seus passos, sendo claro que não executou sozinho o crime.
O acusado soube da existência do equipamento e da sua localização através de uma aluna do CFL de nome Teresa Simões que não teve qualquer participação no assalto, já que falou casualmente no assunto. Na posse dessa informação, contatou a Leninha das Meias Negras para conseguir o seu apoio:
- Leninha, hoje vai ser um dia grande em Ourém e na história do CFL, pois vai ser sujeito ao primeiro assalto. Vou dizer o que preciso que tu faças. Dez minutos depois de começarem as aulas das onze, altura em que todos devem estar na sala de aula, vais vestir as tuas meias negras. Depois, escondes os teus cabelos negros sob uma peruca loira e tiras os teus óculos. Vestes-te à turista e vais ao CFL ter com o senhor Nunes e pedir-lhe que ele te mostre as instalações mais afastadas da porta de entrada, pois estás interessada em matricular-te no Colégio no ano seguinte. Não duvido que ele te seguirá imediatamente para todo o lado.
Conseguindo a concordância da Lena, foi falar com a futura enfermeira Céu.
- Céuzinha do meu coração, preciso que me faças um grande favor. Pelas onze e um quarto, o Dr. Armando está à espera de uma enfermeira para lhe dar uma injeção com um anti-inflamatório. Eu quero que tu sejas essa enfermeira, mas não lhe dás o anti-inflamatório, dás-lhe sim um forte sedativo bem injetado no traseiro e, quando ele estiver a dormir fazes-me sinal para eu entrar. Depois, retiras-te tranquilamente enquanto faço o que tenho de fazer.
Tendo conseguido a concordância da futura enfermeira Céu, o acusado pôs o seu crime em prática. Assim, no dia, 14 de Novembro de 1963, quando uma enfermeira do Hospital de Ourém se dirigia ao CFL para injetar um anti-inflamatório ao seu diretor, foi intercetada junto à tasca do Frazão por dois malandrins que a obrigaram a acompanhá-los ao interior da mesma, retendo-a aí durante mais de duas horas. A enfermeira não conseguiu identificá-los, embora um deles fosse parecido com o neto mais novo do Dr. Preto. Quando a libertaram, dirigiu-se ao CFL onde encontrou o Dr. Armando a dormir no seu gabinete e o Sr. Nunes a bater com a mão na cabeça:
- Estou desgraçado. Roubaram o equipamento da Reprografia e eu sou o culpado pois uma loira obrigou-me a sair do meu posto. Maldita a hora em que me deixei enfeitiçar...
Ela tomou imediatamente as medidas para despertar o Dr. Armando e mandou chamar a polícia. Mas já era tarde, o equipamento da Reprografia tinha-se sumido sem deixar rasto.
O Dr. Armando manteve uma calma significativa, talvez um pouco estranha numa pessoa como ele, e tratou de elaborar um retrato robot acerca de quem tinha administrado o soporífero. É esse retrato que aqui reproduzimos e a participação da pessoa a quem corresponde foi confirmada pelo acusado.
Estes autos foram elaborados apenas para constarem na História de Ourém, já que o acusado devolveu tudo e pagou uma caução elevada para sair em liberdade.
Nestas condições, arquivem-se os autos, esqueça-se a acusação e proceda-se à libertação do acusado.
Vila Nove de Ourém, 15 de Dezembro de 1963
O escrivão
(assinatura não legível)
O acusado soube da existência do equipamento e da sua localização através de uma aluna do CFL de nome Teresa Simões que não teve qualquer participação no assalto, já que falou casualmente no assunto. Na posse dessa informação, contatou a Leninha das Meias Negras para conseguir o seu apoio:
- Leninha, hoje vai ser um dia grande em Ourém e na história do CFL, pois vai ser sujeito ao primeiro assalto. Vou dizer o que preciso que tu faças. Dez minutos depois de começarem as aulas das onze, altura em que todos devem estar na sala de aula, vais vestir as tuas meias negras. Depois, escondes os teus cabelos negros sob uma peruca loira e tiras os teus óculos. Vestes-te à turista e vais ao CFL ter com o senhor Nunes e pedir-lhe que ele te mostre as instalações mais afastadas da porta de entrada, pois estás interessada em matricular-te no Colégio no ano seguinte. Não duvido que ele te seguirá imediatamente para todo o lado.
Conseguindo a concordância da Lena, foi falar com a futura enfermeira Céu.
- Céuzinha do meu coração, preciso que me faças um grande favor. Pelas onze e um quarto, o Dr. Armando está à espera de uma enfermeira para lhe dar uma injeção com um anti-inflamatório. Eu quero que tu sejas essa enfermeira, mas não lhe dás o anti-inflamatório, dás-lhe sim um forte sedativo bem injetado no traseiro e, quando ele estiver a dormir fazes-me sinal para eu entrar. Depois, retiras-te tranquilamente enquanto faço o que tenho de fazer.
Tendo conseguido a concordância da futura enfermeira Céu, o acusado pôs o seu crime em prática. Assim, no dia, 14 de Novembro de 1963, quando uma enfermeira do Hospital de Ourém se dirigia ao CFL para injetar um anti-inflamatório ao seu diretor, foi intercetada junto à tasca do Frazão por dois malandrins que a obrigaram a acompanhá-los ao interior da mesma, retendo-a aí durante mais de duas horas. A enfermeira não conseguiu identificá-los, embora um deles fosse parecido com o neto mais novo do Dr. Preto. Quando a libertaram, dirigiu-se ao CFL onde encontrou o Dr. Armando a dormir no seu gabinete e o Sr. Nunes a bater com a mão na cabeça:
- Estou desgraçado. Roubaram o equipamento da Reprografia e eu sou o culpado pois uma loira obrigou-me a sair do meu posto. Maldita a hora em que me deixei enfeitiçar...
Ela tomou imediatamente as medidas para despertar o Dr. Armando e mandou chamar a polícia. Mas já era tarde, o equipamento da Reprografia tinha-se sumido sem deixar rasto.
Estes autos foram elaborados apenas para constarem na História de Ourém, já que o acusado devolveu tudo e pagou uma caução elevada para sair em liberdade.
Nestas condições, arquivem-se os autos, esqueça-se a acusação e proceda-se à libertação do acusado.
Vila Nove de Ourém, 15 de Dezembro de 1963
O escrivão
(assinatura não legível)
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