A chegada à EPAM para cumprir a especialidade fez-se debaixo de intensa chuva. Em breve, descobri que os bons tempos de Mafra tinham passado. O instrutor, não sendo uma besta, não era motivador, não tinha carisma. O frio tinha-se intensificado e a chuva parecia não largar o nosso dia a dia.
A manhã era para preparação física, a tarde para aulas. Mas nada daquilo me seduzia, eu mandava lá o corpo, mas não estava lá. Não estudava, aprendia pouco, em termos desportivos era uma nulidade, por isso consegui um brilhante quase último lugar.
A entrada na camarata nada teve de agradável pois estava repleta de cartazes de propaganda ao regime e à Guerra Colonial. «A Pátria não se discute!» e outras frases salazarentas enchiam os nossos olhos. Até que me passei e rasguei um dos cartazes. Fiquei um pouco assustado com o que tinha feito, senti alguns olhos em cima de mim, mas não houve consequências.
Mais tarde, um amigo fez-me o indispensável aviso: «Tens de ter cuidado. Somos vigiados, nem todos são de confiança…».
A manhã era para preparação física, a tarde para aulas. Mas nada daquilo me seduzia, eu mandava lá o corpo, mas não estava lá. Não estudava, aprendia pouco, em termos desportivos era uma nulidade, por isso consegui um brilhante quase último lugar.
Os cheirinhos a mudança já se faziam sentir. Uma noite, no regresso de uma caminhada, uma voz fez-se ouvir dentro do pelotão:
a raiz ao pensamento
porque é livre com o vento
porque é livre…
Pouco depois, algo de magnífico aconteceu…
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