quarta-feira, fevereiro 26, 2020

Uma visita aos bombeiros

Uma manhã, no final de uma aula de Ginástica, o dr. Albano anunciou a realização de uma visita de estudo dos alunos do segundo ano do CFL ao quartel dos bombeiros.
- E posso tocar a sirene? – perguntou a Leninha.
- Têm que comportar-se com civismo. Não se esqueçam que estão num local muito importante para todos os que vivem na nossa terra que importa ter a funcionar com o toda a eficácia. Não pode haver manobras de diversão.
- Um dia, tentei deitar fogo às carumas que tinha lá em casa na Rua de Castela para ouvir a sirene e os ver chegar a apitar – disse o Estorietas.
- Espero que os teus pais te tenham dado a devida lição. Se não o fizeram, fá-lo-ei eu.
E o professor de Ginástica continuou a dar algumas instruções a toda a turma. Era uma pessoa muito rigorosa.
- Amanhã, apresentamo-nos todos aqui em frente ao Colégio pelas 10 horas, vamos formar a três e ir em passo comandado por mim até ao quartel.
Imaginem o gozo que foi, no dia seguinte, numa manhã primaveril, ver os miúdos do segundo ano do CFL irem em formação até ao quartel dos bombeiros com o Dr. Albano muito perfilado ao seu lado a dar a voz de comando:
- Em frente. Muarche…
O grupo arrancou bem alinhado, não fosse a mão pesada do diretor cair-lhes em cima, e foi caminhando, braços direitos para a frente e para trás, sempre ao som de:
- Esquerdo… Esquerdo…
Os miúdos já bufavam em frente à tasca do Frazão, mas a voz do médico continuava sem hesitações:
- Esquerdo… esquerdo… esquerdo…
Na rua, todos paravam para ver aquele singular espetáculo e muitos desatavam a rir. Atrás dos miúdos, começou a formar-se uma pequena fila de automóveis que, sem apitar, respeitava o seu andamento. Outros miúdos apontavam para eles e riam-se. Um deles, o Julito, resolveu seguir aquele estranho grupo.
«Que irão fazer? Parece que vão na direção dos bombeiros…».
Pouco depois, paravam em frente aos bombeiros e o Dr. Albano deu mais uma ordem:
- Marcaaaaar passo…
E aqueles pesitos a bater no chão, todos ao mesmo tempo, produziram o caraterístico ruído. Encantado, junto ao comandante dos bombeiros, o Dr. Armando comprazia-se com a lição de civismo que estava a propiciar a tantos meninos.
«Ainda um dia, vamos ter aqui a Mocidade Portuguesa. Dessa maneira, é que ficariam bem educados.».
O Dr. Albano trocou umas palavras com o comandante e, depois, virou-se para os miúdos que continuavam a marcar passo.
- Podem parar. O sr. Comandante dos bombeiros vai dar início à visita de estudo.
Quando começaram a dispersar da formatura, o Julito aproximou-se do Estorietas:
- O que é que estão aqui a fazer?
- É uma visita de estudo da nossa turma organizada pelo Dr. Albano.
- Engraçado. Ainda um dia hei de ser comandante disto…
- Brincas…
Nesse momento, o comandante viu o Julito e disse para ele:
- Dá-nos aqui uma ajuda para mostrar as instalações aos alunos do CFL.
E, naquele dia, o Julito, uns anitos mais novo que os alunos da turma, foi o nosso guia numa visita às instalações dos bombeiros. É que ele já conhecia muito melhor o quartel do que a gente crescida pois, desde pequenino, era voluntário e acompanhava aquela maravilhosa equipa.


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