segunda-feira, março 16, 2020

Uma situação preocupante

No início do ano de 1963, o diretor do CFL realizou uma reunião com o seu contabilista que lhe mostrou uma situação preocupante.

Despesa
Escudos
Salários e SS
Professores
210000
Contínuo
14000
Gastos
Água
1000
Eletricidade
2000
Limpeza
20000
Seguros
8000
255000
Receita
Mensalidades
540000
das quais
Mensalidades em atraso
270000

- Sabe, doutor, o colégio poderia ter uma excelente saúde financeira. No entanto, começa a manifestar-se um problema muito grave e que consiste no facto de 50% dos utentes não pagar as mensalidades. Se o problema se agravar, no próximo ano, os recebimentos não cobrirão os pagamentos…
- Não percebo. Então não tivemos uma receita de mais de 500 mil escudos?
- Devia ter tido uma receita de 540 mil escudos, mas, como 50% das pessoas não pagaram, o que recebeu foi apenas 270 mil escudos pouco mais do que os seus pagamentos.
- Já percebi. Mas por que não pagam as pessoas?
- Possivelmente, não têm dinheiro. No último aumento, disse-lhe imediatamente que me parecia excessivo, mas o doutor insistiu, parecia que queria ganhar tudo de uma vez…
- Não diga isso. Se reparar nos preços dos outros colégios, o nosso nem é o que é o mais elevado e, mesmo que os alunos vão para o liceu, a sua estadia num quarto levá-los-á a custos bem superiores.
O doutor saiu da reunião muito preocupado. Andava cansado por aquele negócio lhe trazer imensas preocupações de natureza financeira. E a perspetiva de não conseguir concretizar os pagamentos de salários e outros gastos era aviltante para a sua formação.
«Que hei de fazer? Mas que posso fazer?»
Nem dormiu durante a noite a pensar numa solução.
«Mandar os alunos embora não resolve. Estamos no limite mínimo de atividade».
Efetivamente, o colégio tinha 180 alunos que pagavam uma mensalidade média de 250$00. Esses alunos repartiam-se pela primária e por cinco anos do secundário com turmas que não ultrapassavam o número de 30 elementos.
«Também não posso despedir professores e concentrar as aulas noutros. Já estão sobrecarregados».
O número de professores era de 10, recebendo cada um 1500$00 ao mês num total de 14 prestações.
«Se calhar, tenho de lhes cortar nas férias ou no subsídio de Natal. Mas, coitados, isso será tão injusto».
E, depois de uma noite sem dormir, levantou-se e foi para as aulas de mau humor.


Calculam o que aconteceu, não?...

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