Um País a arder
Foi, exactamente, há um ano.
O nosso país, as nossas florestas, a nossa riqueza devastados por um fogo imenso.
Muito se falou naqueles Agosto, Setembro...
Culparam os bombeiros, falaram na necessidade de medidas e ainda recordo aquela noite em que se fez justiça aos soldados da paz e a voz do nosso magnífico e respeitado comandante enalteceu o seu esforço e sacrifício quando gritou: "Bombeiros de Portugal..." Parece-me que o estou a ver.
Depois, veio o silêncio.
E, ao que parece, o imobilismo. Que desta vez não foi uma característica de Ourém, mas do país todo.
Os nossos recursos, os nossos esforços foram aplicados no Euro, nos estádios, na organização de concertos. Pois não é aí que está a nata da nossa indústria e dos nossos serviços?
Ficámos orgulhosos do que fizemos. Somos os melhores a organizar festivais, jogos de futebol e outras secundarices de óbvio interesse nacional. O mundo derrete-se a nossos pés.
E, de repente, a realidade cai-nos em cima. Torres Novas, aqui tão perto, Monchique, a Arrábida, tudo a arder.
De repente, descobrimos que andámos a tratar de coisas secundárias.
As autarquias deviam ter estimulado e obrigado à limpeza de matas, mas não o fizeram.
Deviam ter sido abertas clareiras no interior das florestas.
Deviam ter sido feitos caminhos para chegar aos pontos mais inacessíveis.
Deviam ter sido mobilizados mais e melhores meios.
E as nossa populações, os nossos animais, a nossa riqueza a serem consumidos por tudo aquilo.
Não podemos culpar o actual governo, só tem uns dias. Mas possivelmente segue a estratégia do interior.
E qual será ela?
Ao ritmo a que a nossa floresta e a nossa riqueza estão a ser destruídas, não se admirem que, mais ano menos ano, efectivamente os fogos tenham sido banidos do nosso território.
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