segunda-feira, setembro 16, 2019

A seita do autocarro dos Claras

Eram de Fátima. 
Lembro-me especialmente de quatro: o Matias, o José Augusto, o Seminário (Frazão) e o Zé Carlos. Operando em turmas diferentes, recordo o Pinto e o Rui.
Eles aí vinham na fabulosa camioneta dos Claras a caminho do CFL. Antes, passavam pela tasca do Frazão para uma partida de matraquilhos.
Tenho uma boa recordação de quase todos.
De quando em quando ainda encontro o Matias perto do Cinquentenário em Fátima.
O Zé Augusto foi o protagonista da história do mata-borrão e, por isso, está imortalizado pela nossa crónica. Sabe-se também que inúmeras vezes regressou a Fátima a pé, pois gastou o dinheiro para o regresso a jogar à batota.
Encontrei o Pinto há anos em Ourém como gerente de um banco. Exactamente o mesmo, excelente pessoa, sempre disponível, especialmente depois de ter sido exemplarmente sovado pelo Dr. Armando junto ao magnífico cineteatro da nossa terra.
Já não encontro o Rui há muitos anos, sempre convivi pouco com ele.
Deixei para o fim aqueles com quem me dei mais.
O Frazão, excelente ponta de lança, portador da alcunha Seminário devido à existência na época de famoso jogador com esse nome, brindava-me sistematicamente com os livros de banda desenhada que devorava nos intervalos e que, conhecida a história, deixavam de lhe interessar. Era a concretização correta e sistemática da partilha. Um dia, foi-se embora e nunca mais o encontrei.
Por fim o Zé Carlos. Foi um amigo, acompanhou-me por aquele CFL durante vários anos. Falou-me nas estrelas de Hollywood que tanto admirava. 
Há anos, passou-se uma cena caricata com um deles.
Foi na Milano, em Fátima. “X! Eh, pá! Não és o X...?”. “Sou, sim”. “Não me conheces? Sou o Luís. Do CFL”. “Não, não faço a menor ideia...”.
Que lhe terá passado pela cabeça? Estaria assim tão diferente? Não foi um dia, dois, foram anos...
Desde então, passei a ter especial cuidado na abordagem a velhos conhecidos. 

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