Certa tarde, a Mari’mília esteve na fazenda da família a regar. Para isso, prendeu a burra à nora, tapou-lhe os olhos com um pano e, suavemente, pô-la a caminhar. O animal ali ficou cerca de meia hora a tirar água que ela aproveitou para transportar para os diversos canteiros: feijões, couves, batatas, melões… tudo ela conseguia tirar da terra com o seu formidável labor.
«Nem sei para quê estudar se gosto tanto desta terra, de fazer o que faço e consigo tirar daqui o meu sustento…».
É que, apesar de tudo, era duro o seu dia a dia já que, de manhã, tinha aulas no colégio e, à tarde, tinha de trabalhar na fazenda para além de tratar dos animais.
Depois de regar, sentou-se numa pedra e olhou o horizonte de uma forma sonhadora.
«Nem sei para quê estudar se gosto tanto desta terra, de fazer o que faço e consigo tirar daqui o meu sustento…».
É que, apesar de tudo, era duro o seu dia a dia já que, de manhã, tinha aulas no colégio e, à tarde, tinha de trabalhar na fazenda para além de tratar dos animais.
Depois de regar, sentou-se numa pedra e olhou o horizonte de uma forma sonhadora.
Entardecer
Serenidade idílica das fontes
E em silêncio
Eu escuto pelos montes
O coração das pedras a bater...
Reparou então que o limoeiro estava carregado. Limões lindos…
«Ena. Será que se vai perder aquilo tudo?».
Separou a burra da nora, tirou-lhe a venda e atou-a a uma árvore, dando-lhe de comer umas couves e umas cenouras. O animal zurrou, agradecido.
«Mereces um beijinho. Trabalhas tanto…».
Foi buscar um cesto de verga vazio, um cesto enorme, e entregou-se à tarefa de o ir enchendo de limões.
«Isto tem de ir para o mercado de Ourém, senão apodrece».
A Mari’mília terminou a tarefa de colheita dos limões e, como se fazia tarde, olhou para a burra e disse:
- Bom, vou levar-te para o curral. Hoje já trabalhaste que chegue…
Libertou a burra e pôs-se a conduzi-la na direção de casa. Nessa altura, proveniente do outeiro, ouviu-se um zurro muito forte. A burra levantou as orelhas e espojou-se no chão fazendo a dona acompanhá-la na queda e largar a rédea. Depois levantou-se e correu para o outeiro.
- Malvada! Deitaste-me no chão… vais pagá-las.
Mas a burra já não a ouvia e não ligava nenhuma aos seus chamamentos. Percebeu que o encontro era inevitável e murmurou:
- Já percebi. Queres ir ter com o namorado. Ninguém pode calar o amor. Vou a casa pôr os limões e, depois, vou-te buscar.
Pegou na cesta carregada de limões, pô-la sobre a cabeça e dirigiu-se para casa.
«Bolas! Isto pesa…».
A mãe já a esperava.
- Ai, filha, vens tão carregada.
- Mãe, esta quinta-feira, falto às aulas e vou ao mercado de Ourém vender estes limões.
- Não gosto que faltes às aulas…
- Não tem importância. É Desenho e Religião e Moral. Eu depois justifico com uma doença.
- Vou aproveitar para ir contigo e levo os pintainhos e os coelhos para vender.
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