De repente, tudo parece que se calou e isso não deixa de se sentir em cada um de nós. Foi o Sérgio quem me chamou a atenção.
Na minha humilde perspectiva, o significado deste comportamento dos portugueses é muito simples: “não gostámos daquela política, tirámo-los de lá, ganharam, agora governem, nós apoiamos no que pudermos”.
Penso que a própria direita não acreditava na possibilidade de um dia a esquerda ultrapassar os 60% num contexto de abstenção não muito elevada. Por isso, a sua reacção é ténue. Por agora...
Talvez isto possa ir a bem.
Por isso, compreendo palavras como as de Silva Lopes quando fala em moderação salarial. Mas é preciso dar um sentido a esta expressão. Moderação não é diminuição neste caso. Moderação tem associado o sentido de velocidade e, quando falamos em salários, velocidade significa crescimento. Então aquela expressão só pode significar “crescimento moderado dos salários”. Isto é, descontada a inflação realmente sentida pelos portugueses, os salários ainda poderão ter um acréscimo que é o que advém do crescimento da produtividade também deduzido de algo que seja para investimento.
Os três anos de governo de direita deixaram o país num estado catastrófico. Que já vinha de trás, diga-se em abono da verdade. A louca política de integração europeia serviu para destruir a agricultura, as pescas e, mais recentemente, a pequema indústria, sem que as contrapartidas em turismo, serviços e sociedade da informação se façam sentir. Mas os governos de Durão e Santana acabaram por acelerar a degradação pela instauração de um clima de desconfiança.
Há que dar sinais positivos para os que participam na actividade económica.
Se os trabalhadores colaboraram quando o governo de Durão Barroso tomou posse, aguentando descidas reais de salários, suportando o desemprego que ele lhes ofereceu, por maioria de razão vão colaborar. Se virem justiça, diminuição de desigualdades, correcção de disparates...
Por exemplo, no último domingo, o Correio da Manhã denunciava a existência de salários milionários na televisão pública. Que me desculpem, mas não os aceito, o que aqueles senhores fazem pode muito bem ser feito, talvez não tão perfeito, por pessoas menos experientes e com menor vedetismo. O orçamento, suportado pelos nossos descontos, não tem que pagar aquilo. A televisão pública, não tem que concorrer com a privada para captação dos melhores profissionais, esta sim, operando com as regras de mercado deve utilizar os mecanismos salariais para atrair as vedetas. Portanto, aí está um caso em que se pode aplicar a moderação, diria mesmo, redução salarial.
O mesmo se passa com os vencimentos e mordomias de gestores públicos. E com o próprio direito à reforma de deputados ao fim de dois mandatos o que é vergonhoso quando milhares de trabalhadores são atirados para o desemprego sem subsídio e sem possibilidade de reforma.
Vamos esperar que o novo governo dê efectivamente sinais positivos.
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