Legislativas 2005
Por Sérgio Ribeiro
Se há “categoria sociológica” a que vou estando cada vez mais alérgico – rabujentamente – é a dos chamados comentadores. Põem-se “de fora” e “do alto”, e peroram sobranceiros. Alguns, e são, para mim, os mais insuportáveis, com a fina ironia de que honrados carroceiros não seriam capazes.
E pedes-me, tu Luís, para fazer de conta que comentador sou. E eu aqui estou, mal dormido e pior acordado, a comentar… à maneira de comentador. Do que é capaz a amizade, e o amor comum a Ourém. Mas aviso que é uma vez sem exemplo (o que não quer dizer que não repita), e telegraficamente, ou melhor: blogamente.
Os resultados eleitorais traduzem uma reacção do povo português a umas políticas que sofreu e a uns políticos que teve de aturar. Estes políticos foram derrotados. E as políticas?
Bem, as políticas… depende, a curto prazo, dos políticos que não foram derrotados, que ganharam folgadamente estas eleições e do que vierem a fazer da sua vitória. Pobre vitória e pobres vencedores se a considerarem como sua e esquecerem que também foi, ou sobretudo foi, uma vitória arrasadora de todos os que denunciaram e acusaram as políticas. De todos!, e não só dos que fizeram desse ataque uma forma de derrotar uns políticos, a via para os substituir sem mudar – a sério – as políticas.
Muito preocupa que os políticos que ganharam absolutamente possam prosseguir, em efémero “estado de graça”, as políticas que também foram derrotadas nas urnas e podem não o ser na Assembleia da República e no governo.
É esta preocupação que me traz a maioria absoluta do PS e o que se conhece do vencedor Sócrates. E não me digam que estou a ser mal intencionado por não dar o benefício da dúvida. Os precedentes conhecidos – ah!, o papel histórico da social-democracia… – não consentem nem benefícios nem dúvidas, e muito “meigo” estarei a ser ao só dizer que preocupado estou.
De qualquer modo, honra aos vencedores, que com “poder absoluto” ficaram, e alguma esperança que tenham a lucidez de bem usar a vitória que tiveram.
Como não quero comentar os números, ainda mal conhecidos ou digeridos, acrescento que. regionalmente, no distrito de Santarém (porque os distritais conheço melhor e algo trabalhei), os números dão um tom mais acentuado aos resultados nacionais, para estes tendo contribuído significativamente. A mesma ordem nos partidos e coligações, o PS ganha dois deputados, uma ao PSD e outro ao PP, o PCP, em 3º partido, mantém o seu deputado/deputada, agora eleito/a com maior margem de segurança (não resisto a sublinhar que, afinal, o PCP não morreu!... isto digo eu que já tantas certidões de óbito lhe vi, passadas e certificadas), o BE subiu significativamente com votos que não tirou ao PCP mas não passou do 14º lugar quando, para eleger, teria de estar entre os 10 primeiros, segundo Hondt.
Localmente, na “nossa” (embora, às vezes, apeteça desistir de assim a considerar) Ourém, o habitual, os reflexos de um clientelismo enraizado até às entranhas, merecedor de estudo pelos encartados analistas “da política”. Olhando os números, eles são de um outro mundo – em que, faça-se justiça, Ourém não estará sozinho mas mal acompanhado está… –, de um mundo ao contrário, como cantam os Xutos. Parece um mundo imóvel, em que o eleitorado apenas dá ténues sinais de vitalidade pois repete gestos e cruzes. Veja-se, só, que enquanto o PSD teve a nível nacional menos de 30%, em Ourém conseguiu manter-se acima dos 55%, o PS ultrapassa os 45% a nível nacional e em Ourém anda pelos 25%, o PP baixou para 7,2% em Portugal e está acima de 13,5% em Ourém e, do outro lado da(s) política(s), a CDU confronta os seus mais de 7,5% nacionais (com cerca de 9% no distrito) com os 1,4% de Ourém.
Para acabar o comentário, que já vai excessivamente longo para blog, apenas acrescentaria que o que já estou a observar, com o maior interesse, como “comentador” oureense, é o que vai ser feito para as autárquicas face a estes resultados. A começar por mim, retirada a máscara de comentador.
Por Sérgio Ribeiro
Se há “categoria sociológica” a que vou estando cada vez mais alérgico – rabujentamente – é a dos chamados comentadores. Põem-se “de fora” e “do alto”, e peroram sobranceiros. Alguns, e são, para mim, os mais insuportáveis, com a fina ironia de que honrados carroceiros não seriam capazes.
E pedes-me, tu Luís, para fazer de conta que comentador sou. E eu aqui estou, mal dormido e pior acordado, a comentar… à maneira de comentador. Do que é capaz a amizade, e o amor comum a Ourém. Mas aviso que é uma vez sem exemplo (o que não quer dizer que não repita), e telegraficamente, ou melhor: blogamente.
Os resultados eleitorais traduzem uma reacção do povo português a umas políticas que sofreu e a uns políticos que teve de aturar. Estes políticos foram derrotados. E as políticas?
Bem, as políticas… depende, a curto prazo, dos políticos que não foram derrotados, que ganharam folgadamente estas eleições e do que vierem a fazer da sua vitória. Pobre vitória e pobres vencedores se a considerarem como sua e esquecerem que também foi, ou sobretudo foi, uma vitória arrasadora de todos os que denunciaram e acusaram as políticas. De todos!, e não só dos que fizeram desse ataque uma forma de derrotar uns políticos, a via para os substituir sem mudar – a sério – as políticas.
Muito preocupa que os políticos que ganharam absolutamente possam prosseguir, em efémero “estado de graça”, as políticas que também foram derrotadas nas urnas e podem não o ser na Assembleia da República e no governo.
É esta preocupação que me traz a maioria absoluta do PS e o que se conhece do vencedor Sócrates. E não me digam que estou a ser mal intencionado por não dar o benefício da dúvida. Os precedentes conhecidos – ah!, o papel histórico da social-democracia… – não consentem nem benefícios nem dúvidas, e muito “meigo” estarei a ser ao só dizer que preocupado estou.
De qualquer modo, honra aos vencedores, que com “poder absoluto” ficaram, e alguma esperança que tenham a lucidez de bem usar a vitória que tiveram.
Como não quero comentar os números, ainda mal conhecidos ou digeridos, acrescento que. regionalmente, no distrito de Santarém (porque os distritais conheço melhor e algo trabalhei), os números dão um tom mais acentuado aos resultados nacionais, para estes tendo contribuído significativamente. A mesma ordem nos partidos e coligações, o PS ganha dois deputados, uma ao PSD e outro ao PP, o PCP, em 3º partido, mantém o seu deputado/deputada, agora eleito/a com maior margem de segurança (não resisto a sublinhar que, afinal, o PCP não morreu!... isto digo eu que já tantas certidões de óbito lhe vi, passadas e certificadas), o BE subiu significativamente com votos que não tirou ao PCP mas não passou do 14º lugar quando, para eleger, teria de estar entre os 10 primeiros, segundo Hondt.
Localmente, na “nossa” (embora, às vezes, apeteça desistir de assim a considerar) Ourém, o habitual, os reflexos de um clientelismo enraizado até às entranhas, merecedor de estudo pelos encartados analistas “da política”. Olhando os números, eles são de um outro mundo – em que, faça-se justiça, Ourém não estará sozinho mas mal acompanhado está… –, de um mundo ao contrário, como cantam os Xutos. Parece um mundo imóvel, em que o eleitorado apenas dá ténues sinais de vitalidade pois repete gestos e cruzes. Veja-se, só, que enquanto o PSD teve a nível nacional menos de 30%, em Ourém conseguiu manter-se acima dos 55%, o PS ultrapassa os 45% a nível nacional e em Ourém anda pelos 25%, o PP baixou para 7,2% em Portugal e está acima de 13,5% em Ourém e, do outro lado da(s) política(s), a CDU confronta os seus mais de 7,5% nacionais (com cerca de 9% no distrito) com os 1,4% de Ourém.
Para acabar o comentário, que já vai excessivamente longo para blog, apenas acrescentaria que o que já estou a observar, com o maior interesse, como “comentador” oureense, é o que vai ser feito para as autárquicas face a estes resultados. A começar por mim, retirada a máscara de comentador.
1 comentário:
Gostaria de desejar aos oureenses um excelente 2008!
Mas a hora na nossa terra é de profunda consternação pela acção da Camarilha que está a levar a cabo o arrasar da Rua de Castela sob o argumento de que as casas ancestrais estavam no local errado e que a ilegalidade reconhecida em tribunal é que é o correcto.
As coisas não ficarão por aqui. É de admitir que as negociatas tragam em breve volumosos mamarrachos para a rua que vão modificar completamente o seu aspecto, ver no http://vilanovaaopoder@blogspot.com
Cumprimentos Força Vila Nova
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