sexta-feira, fevereiro 17, 2006

O engenhoso paraquedista




Esperávamos que a Dona Aninhas chegasse junto à porta da sala de aulas. O dia parecia que estaria chuvoso pelo que todos íamos munidos com o respetivo guarda-chuva. Não sei se os meus amigos ainda se recordam: extremamente largo, cabo grosso, todo em madeira.
O acesso à sala de aulas era através de uma escada, protegida lateralmente por um estreito muro que funcionava como corrimão. Lá de cima, vislumbrava-se o ginásio, os moinhos, o pinhal circundante.
Havia alguma impaciência, mas isso não impedia que se fizessem planos para o futuro.
- Quando for grande, hei-de ser paraquedista – dizia o TóLiz.
- Tu? – gozava o Manel – se calhar nem és capaz de saltar lá para baixo.
Creio que o TóLiz não gostou do que ouviu. A altura era relativamente significativa. Ele sentou-se no muro, lá no alto e mediu a distância. Em seguida, puxou do seu guarda-chuva e abriu-o.
- Vê se tens a minha coragem – respondeu ao Manel.
Levantou o braço com o chapéu, fez ligeiro movimento para a frente e deixou-se cair. E não é que, num primeiro momento, ele parecia que deslizava suavemente pelos ares sustentado pelo guarda-chuva? Ele ria, dava aos pés, o resto do pessoal estava preso do momento. Que parecia interminável, que parecia deixar ouvir aquela música:

… he flies like a bird...



...in the sky...

De repente, o chapéu não aguentou mais. As varetas deram de si, o pano virou-se e o TóLiz caiu vertiginosamente no chão. Mas levantou-se num instante.
- Vês? Quem é que não tem coragem?
O pobre chapéu é que, nesse dia, foi para o caixote do lixo.

E agora…
Siga o voo do TóLiz ouvindo os Honeybus.




2 comentários:

Anónimo disse...

Que cómica a figura, bem a lembrar a tão longínqua infância...
X

Lobo Sentado disse...

Aqui o velhadas é um eterno infante, X...
Sabes como estou a pronunciar o teu nome? Assim: écse...

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