Claro que gostava muito do Luís Nuno, fomos amigos desde muito pequenos, criados muito perto um do outro. Eu frequentava muito a casa da «Vizinha» e do Rafael que tinha uma varanda que dava para a casa dele a uma distância de uns dez metros. Assim, falávamos de varanda para varanda…
Com um relacionamento quase perfeito, um dia as coisas deram para o torto. Ele pediu-me um escudo para comprar tabaco e eu fingi que não tinha. Bolas! Um escudo dava quase para o Mundo de Aventuras, era 1/8 de um livro da Coleção Búfalo. Nunca mais me falou…
Foi estudar para Tondela e, quando regressava, já todo vaidoso com capa e batina, reunia os seus amigos e deixava-me desprezado a um canto do Avenida. O que me valia era que ainda sobravam alguns para o King e conseguia ignorar a provocação.
Pouco depois de ele ter fugido para França, escrevi uma pequena nota no Notícias de Ourém acerca dele e da nossa amizade. Já não tenho esse artigo, mas referia-se a esta pequena, mas significativa discordância. Uma discordância com efeitos…
Os pais do Luís ficaram muito comovidos com essa nota e quiseram falar comigo. Foi talvez a última vez que os vi e lá estive um bom bocado com eles em que me contaram alguns pormenores da vida dele em França e da sua generosidade que chegava ao ponto de, por vezes, dar o seu salário a outros que precisavam mais do que ele…
Pois bem, apesar de estarmos una anos sem nos falarmos, fui com certeza dos primeiros que ele procurou no regresso de França. Mais tarde, fiz uma prova académica e ele e o Zé Quim fizeram questão de estar presentes.
E, quando fez cinquenta anos, fui um dos convidados à sua festa de anos, mas desta falaremos mais tarde…
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