Os guardas chegaram a Peras Ruivas quando o Sol já se escondera atrás do horizonte e as estrelas começavam a pestanejar no céu. A lua ficou só no azul celeste ornado de estrelas e a sua luminosidade cada vez mais dominava a paisagem. Era noite de Lua cheia.
O Estorietas e a sua amiga Mari’mília viram-nos passar a pé e dirigir-se a uma taberna perto da Igreja.
- Que engraçado! Temos vigilância policial. Daqui a uns cinquenta anos vamos ter saudades destes tempos.
Sem entrarem na taberna, ouviram, cá fora, tudo o que se tinha passado. E, quando eles conseguiram uma boleia para Ourém, resolveram ir até ao sítio onde tinha ficado o comandante e o outro guarda.
Passaram sobre um outeiro. Aqui e além, os «saguaros»(1) abriam os seus braços como enormes e grotescos seres humanos.
- Olha, Estorietas! – exclamou a rapariga. – As flores começam a abrir.
Assim era, com efeito. Como se obedecessem a uma misteriosa ordem, os «saguaros» abriam as suas lindas flores brancas. O silêncio do bosque parecia invadido por um crepitar ténue, produzido por milhares de flores que se abriam sem interrupção. Sob a difusa claridade da Lua, o bosque de «saguaros» parecia cobrir-se com rapidez de grandes e aromáticos flocos de neve. A brisa vinha impregnada de um perfume embriagador que, por vezes, se tornava mais denso e sufocante.
- Oh! Estorietas! – exclamou a rapariga – Que maravilhoso espetáculo.
Ele não respondeu. Os seus olhos luziam como duas brasas, perturbando a rapariga. Esta afastou os seus e deixou-os vaguear sobre o bosque que continuava a cobrir-se de um manto de lindas e níveas flores. O perfume era cada vez mais forte. Uma doce embriaguez invadia a rapariga, provocando-lhe um torpor voluptuoso.
- Ai, Estorietas! – disse ela, a rir. – Tenho a impressão de que me estou a embriagar. Não haverá perigo de morrermos asfixiados?
- Não. Já presenciei muitas vezes o florescimento dos «saguaros» e nunca ouvi dizer que alguém morresse asfixiado.
-Vou ver.
Ela avançou na direção das plantas, mas uma cova no caminho fez com que se estatelasse. Ele ajudou-a a levantar-se. As suas mãos fecharam-se sobre a graciosa cintura da rapariga e, através das roupas, o Estorietas percebeu um estremecimento nervoso do corpo da jovem.
E foi nesse momento crucial que o Estorietas viu os dois guardas sentados a serem ameaçados pela serpente a uma distância de uns vinte metros.
- Olha! Ali!
Ela olhou na direção apontada. Rapidamente puxou a saia, mostrando a sua perna bem torneada e retirou uma faca longa de uma funda que trazia colada à perna. Num instante apontou e atirou a faca. A cabeça da serpente foi pelos ares e puderam ver como os dois guardas respiravam aliviados…
O Estorietas e a sua amiga Mari’mília viram-nos passar a pé e dirigir-se a uma taberna perto da Igreja.
- Que engraçado! Temos vigilância policial. Daqui a uns cinquenta anos vamos ter saudades destes tempos.
Sem entrarem na taberna, ouviram, cá fora, tudo o que se tinha passado. E, quando eles conseguiram uma boleia para Ourém, resolveram ir até ao sítio onde tinha ficado o comandante e o outro guarda.
Passaram sobre um outeiro. Aqui e além, os «saguaros»(1) abriam os seus braços como enormes e grotescos seres humanos.
- Olha, Estorietas! – exclamou a rapariga. – As flores começam a abrir.
Assim era, com efeito. Como se obedecessem a uma misteriosa ordem, os «saguaros» abriam as suas lindas flores brancas. O silêncio do bosque parecia invadido por um crepitar ténue, produzido por milhares de flores que se abriam sem interrupção. Sob a difusa claridade da Lua, o bosque de «saguaros» parecia cobrir-se com rapidez de grandes e aromáticos flocos de neve. A brisa vinha impregnada de um perfume embriagador que, por vezes, se tornava mais denso e sufocante.
- Oh! Estorietas! – exclamou a rapariga – Que maravilhoso espetáculo.
Ele não respondeu. Os seus olhos luziam como duas brasas, perturbando a rapariga. Esta afastou os seus e deixou-os vaguear sobre o bosque que continuava a cobrir-se de um manto de lindas e níveas flores. O perfume era cada vez mais forte. Uma doce embriaguez invadia a rapariga, provocando-lhe um torpor voluptuoso.
- Ai, Estorietas! – disse ela, a rir. – Tenho a impressão de que me estou a embriagar. Não haverá perigo de morrermos asfixiados?
- Não. Já presenciei muitas vezes o florescimento dos «saguaros» e nunca ouvi dizer que alguém morresse asfixiado.
-Vou ver.
Ela avançou na direção das plantas, mas uma cova no caminho fez com que se estatelasse. Ele ajudou-a a levantar-se. As suas mãos fecharam-se sobre a graciosa cintura da rapariga e, através das roupas, o Estorietas percebeu um estremecimento nervoso do corpo da jovem.
E foi nesse momento crucial que o Estorietas viu os dois guardas sentados a serem ameaçados pela serpente a uma distância de uns vinte metros.
- Olha! Ali!
Ela olhou na direção apontada. Rapidamente puxou a saia, mostrando a sua perna bem torneada e retirou uma faca longa de uma funda que trazia colada à perna. Num instante apontou e atirou a faca. A cabeça da serpente foi pelos ares e puderam ver como os dois guardas respiravam aliviados…
(1)«saguaros» - O saguaro faz parte da família Cactaceae, sendo nativo da região do Deserto de Sonora, que abrange parte do México e Estados Unidos. Trata-se de um cacto colunar, com ramificações em forma de candelabro, espinhos curtos e grandes flores brancas e tubulares, com antese noturna. As flores abrem durante a noite produzindo um perfume inebriante. Foram trazidas para a região de Peras Ruivas pelo Estorietas depois de uma viagem virtual àquele deserto, mas a ação do homem fez que, pouco a pouco, fossem desaparecendo. Os campos de Peras Ruivas já não são inebriantes…
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