A Gracelinda e o Pepe chegaram a casa já passava das cinco da tarde. Ela estava felícissima com o seu cãozinho por este a ter ajudado a libertar o João e a Teresinha.
- Hoje, vais ter ração melhorada, Pepinho. A ação que fizeste foi maravilhosa.
E o Pepe teve uma das melhores refeições da sua vida. Comeu e enfiou-se numa casota que tinha lá dentro um pequeno colchão para se deitar. Daí a pouco estava a dormir.
Por sua vez, a Gracelinda entrou em casa, foi guardar o traje de freira que tinha usado no posto da Guarda, os elementos de estudo que tinha levado para o CFL e foi ver a mãe.
- Então, minha filha, correu bem o teu dia de aulas?
- Sim, mãezinha. Até fomos assistir à saída da prisão da Teresinha e do João…
- Então, já libertaram esses miúdos… espero que eles não façam mais disparates. Olha, menina, vai lanchar, estive a fazer-te uma torta de chocolate.
- Que delícia, mãezinha.
E a Gracelinda foi para a sua salinha de refeições e iniciou o lanche. A sua face estava iluminada num sorriso devido à recordação da ação do Pepe.
«É incrível este cãozinho. Corre tanto que ninguém o vê. E como percebeu que aquelas eram as chaves das celas… Amanhã quero ouvir o que se vai dizer no CFL».
Comia vagarosamente, saboreando os alimentos ao mesmo tempo que se deixava levar pelos pensamentos.
«Se ele participasse numa corrida de cachorros, com certeza ganhava. Podemos vir a ser famosos».
De repente, os seus pensamentos foram interrompidos por uma travagem brusca e por passos rápidos no exterior. Levantou-se assustada e foi espreitar à janela…
E lançou uma exclamação de terror…
Lá fora, com cara de poucos amigos estava o comandante do posto acompanhado de três guardas. A mãe dela veio ver o que se passava.
- O que é isto, Gracelinda? O que faz aqui a GNR?
- Depois explico-lhe, mãe. Agora veja o que eles querem…
A senhora abriu a porta e a Gracelinda ouviu o comandante dizer:
- Minha senhora, vimos à procura da sua filha e do cão para os prender.
- Mas o que fez a minha pobrezinha?
- Ela e o cão ajudaram dois presos a evadir-se da prisão. É um crime muito grave.
- Não posso acreditar nisso. Gracelinda, diz-me que é mentira…
Mas a miúda já estava na rua perto da casota do cão.
- Os senhores não me levam daqui nem ao meu cão. Era injusto o que estavam a fazer ao João e à Teresinha.
Mas o comandante não lhe deu ouvidos.
- Guardas, prendam-na e enfiem-na no jeep. Depois, procuraremos o cão.
De um momento para o outro, a Gracelinda viu-se no jeep, enquanto a mãe contemplava tudo com terror. E foi nesse instante que a grande amizade do Pepe por ela se manifestou.
O cãozinho tinha acordado assustado, mas num instante apercebeu-se da situação. Saltou da casota e mordeu a mão do comandante, depois agarrou-se aos fundilhos das calças de um dos guardas e deixou-lhe o rabo à mostra. Não contente com isso, atirou-se ao outro, bastante barrigudo, e puxou-lhe as calças deixando-o numa figura ridícula em trajes menores. O Pepe mais parecia um leão e o soldado um vulgar vagabundo sem formação.
A Gracelinda estava entusiasmada.
- Força, Pepe, não tenhas pena deles…
O guarda que estava ileso apercebeu-se da situação e gritou:
- Vamos, voltemos ao posto para procurar reforços. Este cão é uma fera.
Saltaram todos para dentro do jeep. O comandante, de braço ao peito, proferia ameaças enquanto arrancavam:
- Hão de pagá-las…
E partiram em direção a Ourém.
A Gracelinda explicou rapidamente à mãe o que se tinha passado e este tomou uma decisão.
- Vamos chamar o teu pai. Tu e o cão não podem ficar nesta casa, senão esses guardas não vos deixam em paz.
Pouco depois, o senhor Marques chegou a casa no seu carro. A Gracelinda e o Pepe entraram no mesmo e, daí a pouco, partiam para casa duma sua tia numa terreola a uns dez quilómetros de distância.
A verdade é que os pais estavam preocupadíssimos. E, à noite, o senhor Marques comunicou a sua decisão à esposa.
- Este caso não tem solução se ela não sair daqui. Ela tem andado a dizer que queria voltar ao convento. É a hora. Vou tratar de tudo para a enviar para Abrantes e espero que, desta vez, se aguente por lá mais tempo.
- Hoje, vais ter ração melhorada, Pepinho. A ação que fizeste foi maravilhosa.
E o Pepe teve uma das melhores refeições da sua vida. Comeu e enfiou-se numa casota que tinha lá dentro um pequeno colchão para se deitar. Daí a pouco estava a dormir.
Por sua vez, a Gracelinda entrou em casa, foi guardar o traje de freira que tinha usado no posto da Guarda, os elementos de estudo que tinha levado para o CFL e foi ver a mãe.
- Então, minha filha, correu bem o teu dia de aulas?
- Sim, mãezinha. Até fomos assistir à saída da prisão da Teresinha e do João…
- Então, já libertaram esses miúdos… espero que eles não façam mais disparates. Olha, menina, vai lanchar, estive a fazer-te uma torta de chocolate.
- Que delícia, mãezinha.
E a Gracelinda foi para a sua salinha de refeições e iniciou o lanche. A sua face estava iluminada num sorriso devido à recordação da ação do Pepe.
«É incrível este cãozinho. Corre tanto que ninguém o vê. E como percebeu que aquelas eram as chaves das celas… Amanhã quero ouvir o que se vai dizer no CFL».
Comia vagarosamente, saboreando os alimentos ao mesmo tempo que se deixava levar pelos pensamentos.
«Se ele participasse numa corrida de cachorros, com certeza ganhava. Podemos vir a ser famosos».
De repente, os seus pensamentos foram interrompidos por uma travagem brusca e por passos rápidos no exterior. Levantou-se assustada e foi espreitar à janela…
E lançou uma exclamação de terror…
Lá fora, com cara de poucos amigos estava o comandante do posto acompanhado de três guardas. A mãe dela veio ver o que se passava.
- O que é isto, Gracelinda? O que faz aqui a GNR?
- Depois explico-lhe, mãe. Agora veja o que eles querem…
A senhora abriu a porta e a Gracelinda ouviu o comandante dizer:
- Minha senhora, vimos à procura da sua filha e do cão para os prender.
- Mas o que fez a minha pobrezinha?
- Ela e o cão ajudaram dois presos a evadir-se da prisão. É um crime muito grave.
- Não posso acreditar nisso. Gracelinda, diz-me que é mentira…
Mas a miúda já estava na rua perto da casota do cão.
- Os senhores não me levam daqui nem ao meu cão. Era injusto o que estavam a fazer ao João e à Teresinha.
Mas o comandante não lhe deu ouvidos.
- Guardas, prendam-na e enfiem-na no jeep. Depois, procuraremos o cão.
De um momento para o outro, a Gracelinda viu-se no jeep, enquanto a mãe contemplava tudo com terror. E foi nesse instante que a grande amizade do Pepe por ela se manifestou.
O cãozinho tinha acordado assustado, mas num instante apercebeu-se da situação. Saltou da casota e mordeu a mão do comandante, depois agarrou-se aos fundilhos das calças de um dos guardas e deixou-lhe o rabo à mostra. Não contente com isso, atirou-se ao outro, bastante barrigudo, e puxou-lhe as calças deixando-o numa figura ridícula em trajes menores. O Pepe mais parecia um leão e o soldado um vulgar vagabundo sem formação.
A Gracelinda estava entusiasmada.
- Força, Pepe, não tenhas pena deles…
O guarda que estava ileso apercebeu-se da situação e gritou:
- Vamos, voltemos ao posto para procurar reforços. Este cão é uma fera.
Saltaram todos para dentro do jeep. O comandante, de braço ao peito, proferia ameaças enquanto arrancavam:
- Hão de pagá-las…
E partiram em direção a Ourém.
A Gracelinda explicou rapidamente à mãe o que se tinha passado e este tomou uma decisão.
- Vamos chamar o teu pai. Tu e o cão não podem ficar nesta casa, senão esses guardas não vos deixam em paz.
Pouco depois, o senhor Marques chegou a casa no seu carro. A Gracelinda e o Pepe entraram no mesmo e, daí a pouco, partiam para casa duma sua tia numa terreola a uns dez quilómetros de distância.
A verdade é que os pais estavam preocupadíssimos. E, à noite, o senhor Marques comunicou a sua decisão à esposa.
- Este caso não tem solução se ela não sair daqui. Ela tem andado a dizer que queria voltar ao convento. É a hora. Vou tratar de tudo para a enviar para Abrantes e espero que, desta vez, se aguente por lá mais tempo.
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