Entretanto, dentro do carro, o Ferraunha continuava a esperar uma ocasião para se pirar.
«Não podem perceber que eu estou aqui – pensava – mal abram a parto, zarpo…».
Continuava muito encolhido atrás do banco dianteiro o que lhe provocava uma dor acentuada no local onde tinha sido pontapeado.
«O malvado que me deu o pontapé há de pagá-las. Os meus dentes vão-lhe ficar marcados na barriga da perna».
Pensou na sua dona, a Livinha. Que doçura de pessoa! Que sorte tinha tido ao ser adotado por ela. Comidinha a horas, uma casota e uma caminha especial para as sonecas. Claro que abusavam um pouco ao mandá-lo fazer tantos recados, mas era imperioso pagar os bons cuidados com que o brindavam. Será que algum dia conseguiria voltar para junto dela?
De repente, sentiu que a porta da casa se abria e que alguém se aproximava do carro. Passos de uma só pessoa…
«É agora – pensou».
Mas não. O indivíduo limitou-se a abrir a bagageira e tirar qualquer coisa, voltando depois para casa.
E o tempo foi passando. Desesperadamente… muito lentamente…
O dia começava a escurecer.
«Já não vou ficar hoje na minha caminha. Estes malvados nunca mais abrem a porta do carro».
A certa altura, ouviu a porta da casa abrir-se e uma voz dizer para o interior.
- Foi um bom golpe rapazes. Amanhã, às dez da manhã, encontramo-nos no Central.
O indivíduo vinha sozinho para o carro, decerto para tomar lugar ao volante e dirigir-se a qualquer outro sítio. O cão preparou-se para saltar.
«Já não me levas para mais nenhum sítio hoje, não…».
A porta esquerda dianteira abriu-se e o meliante iniciou o procedimento de entrada. Nisto, sentiu que alguém passava por ele como uma flecha, cravando-lhe com muita força os dentes na perna.
- Ai…
O Ferraunha escapou a toda a velocidade. Num instante percebeu que estava na zona de Santo Amaro, perto do Castelo, onde tantas vezes a Livinha o levava a passear e tomou a direção de Ourém. Ao fim de correr uns dois quilómetros, sentiu que não estava nas melhores condições. As dores do pontapé que tinha levado eram lancinantes…
«Não consigo… não consigo lá chegar…».
Ainda logrou atingir a Carapita. Muito cansado, titubeante, encostou-se à porta de uma casa. E desmaiou. Já não ouviu uma voz muito doce a dizer:
- É um cãozito, parece doente. Vamos recolhê-lo.
Era a Ceuzinha…
«Não podem perceber que eu estou aqui – pensava – mal abram a parto, zarpo…».
Continuava muito encolhido atrás do banco dianteiro o que lhe provocava uma dor acentuada no local onde tinha sido pontapeado.
«O malvado que me deu o pontapé há de pagá-las. Os meus dentes vão-lhe ficar marcados na barriga da perna».
Pensou na sua dona, a Livinha. Que doçura de pessoa! Que sorte tinha tido ao ser adotado por ela. Comidinha a horas, uma casota e uma caminha especial para as sonecas. Claro que abusavam um pouco ao mandá-lo fazer tantos recados, mas era imperioso pagar os bons cuidados com que o brindavam. Será que algum dia conseguiria voltar para junto dela?
De repente, sentiu que a porta da casa se abria e que alguém se aproximava do carro. Passos de uma só pessoa…
«É agora – pensou».
Mas não. O indivíduo limitou-se a abrir a bagageira e tirar qualquer coisa, voltando depois para casa.
E o tempo foi passando. Desesperadamente… muito lentamente…
O dia começava a escurecer.
«Já não vou ficar hoje na minha caminha. Estes malvados nunca mais abrem a porta do carro».
A certa altura, ouviu a porta da casa abrir-se e uma voz dizer para o interior.
- Foi um bom golpe rapazes. Amanhã, às dez da manhã, encontramo-nos no Central.
O indivíduo vinha sozinho para o carro, decerto para tomar lugar ao volante e dirigir-se a qualquer outro sítio. O cão preparou-se para saltar.
«Já não me levas para mais nenhum sítio hoje, não…».
A porta esquerda dianteira abriu-se e o meliante iniciou o procedimento de entrada. Nisto, sentiu que alguém passava por ele como uma flecha, cravando-lhe com muita força os dentes na perna.
- Ai…
O Ferraunha escapou a toda a velocidade. Num instante percebeu que estava na zona de Santo Amaro, perto do Castelo, onde tantas vezes a Livinha o levava a passear e tomou a direção de Ourém. Ao fim de correr uns dois quilómetros, sentiu que não estava nas melhores condições. As dores do pontapé que tinha levado eram lancinantes…
«Não consigo… não consigo lá chegar…».
Ainda logrou atingir a Carapita. Muito cansado, titubeante, encostou-se à porta de uma casa. E desmaiou. Já não ouviu uma voz muito doce a dizer:
- É um cãozito, parece doente. Vamos recolhê-lo.
Era a Ceuzinha…
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