quinta-feira, março 17, 2005

Memórias do Vinil (12)

E no mesmo disco, Sérgio, está lá qualquer coisa como isto:


Lisboa tem um vestido azul feito de mar e guerra.

E cheira a laranjas maduras.

Quando as gaivotas trazem no bico
os primeiros pedaços de sol para
acender o dia, Lisboa deixa correr
os cabelos pelo Tejo e o Povo pelas ruas.

À mesma hora, a coragem agita no
sangue duas grandes asas inquietas.

Por todas as janelas destruídas, já
o mar entrou, derrubando acácias
cantando hinos de espuma.

E porque toda a coragem é necessária,
toda a esperança é legítima.

..

Chamar-te a ti, Lisboa, camarada,
e depois, eu sei lá, enlouquecer.
Que a loucura é quase um grão de nada
e tu tens um nome de mulher.

...

E pode ser que eu guarde a tempestade
de ter que aqui ficar. E então dizer
que sobre a minha boca ninguém há-de
pôr rosas de silêncio, se eu quiser.

E não podemos esquecer o Alcácer que Vier, de que eu não encontro a letra. Isto é que era uma tarde bem passada.

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