Nas férias, passávamos muitas tardes e noites a jogar King no Café Avenida. Ninguém o sabia, mas o jogo era a dinheiro. Eu era tão viciado naquilo que um dia alguém disse:
- Qualquer dia dá 50 escudos ao filho para depois lhos esfolar ao jogo.
Mas havia outro bem mais viciado…
As perdas do famoso João Passarinho estavam a tornar-se volumosas. Claro que nós lhe dávamos crédito, mas a conta começava a ser tão elevada, já a atingir os milhares de escudos, que um dia tivemos de lhe dizer:
- João, se não pagas, deixas de jogar connosco. Há parceiros que querem entrar para ocupar o teu lugar e têm dinheiro para pagar.
O João ficou abalado. Esteve três semanas sem aparecer e, um dia, chegou todo sorridente.
- Quero ocupar o meu lugar na mesa de jogo.
E distribuiu profusamente dinheiro por todos nós. Eu recebi umas quatro notas de cem, o Kansas uma de mil e o Jó uns trocos.
Fiquei todo contente a pensar no que haveria de fazer com aquele dinheiro que certamente seria para comprar livros de BD e discos. E comecei a gastar as notas…
Ao pagar o Mundo de Aventuras, o Adelino do Central olhou-me com mais atenção.
- Ó Luís, esta nota tem algo de estranho. Não sei se lha posso aceitar…
- Mas porquê? Eu não vejo nada de especial…
- É aqui nesta zona e acho que o papel é demasiado mole quando comparado com o usual.
Ele tinha razão. Vendo bem, aquela nota era mesmo uma cópia de má qualidade. Parecia desenhada à mão e o papel nada tinha a ver com o das notas normais.
E a cena foi-se repetindo com os outros elementos do jogo no Avenida. Começámos a achar estranha a situação até que um dia fomos chamados à Polícia. Aí não pudemos negar a situação: o João tinha-nos pago com dinheiro falso.
Mas uma coisa vos garanto: ele pagava… era um homem de honra, de palavra…
- Qualquer dia dá 50 escudos ao filho para depois lhos esfolar ao jogo.
Mas havia outro bem mais viciado…
As perdas do famoso João Passarinho estavam a tornar-se volumosas. Claro que nós lhe dávamos crédito, mas a conta começava a ser tão elevada, já a atingir os milhares de escudos, que um dia tivemos de lhe dizer:
- João, se não pagas, deixas de jogar connosco. Há parceiros que querem entrar para ocupar o teu lugar e têm dinheiro para pagar.
O João ficou abalado. Esteve três semanas sem aparecer e, um dia, chegou todo sorridente.
- Quero ocupar o meu lugar na mesa de jogo.
E distribuiu profusamente dinheiro por todos nós. Eu recebi umas quatro notas de cem, o Kansas uma de mil e o Jó uns trocos.
Fiquei todo contente a pensar no que haveria de fazer com aquele dinheiro que certamente seria para comprar livros de BD e discos. E comecei a gastar as notas…
Ao pagar o Mundo de Aventuras, o Adelino do Central olhou-me com mais atenção.
- Ó Luís, esta nota tem algo de estranho. Não sei se lha posso aceitar…
- Mas porquê? Eu não vejo nada de especial…
- É aqui nesta zona e acho que o papel é demasiado mole quando comparado com o usual.
Ele tinha razão. Vendo bem, aquela nota era mesmo uma cópia de má qualidade. Parecia desenhada à mão e o papel nada tinha a ver com o das notas normais.
E a cena foi-se repetindo com os outros elementos do jogo no Avenida. Começámos a achar estranha a situação até que um dia fomos chamados à Polícia. Aí não pudemos negar a situação: o João tinha-nos pago com dinheiro falso.
Alguns dias depois, a casa onde um dia morara o Dr. Preto, a casa onde ainda morava a Dra. Júlia, a casa onde por vezes o João Passarinho passava férias foi invadida por forças policiais que ali descobriram equipamento especial para proceder à contrafação de notas.
Ainda vi o João, algemado, a ser levado para os calaboiços. Tive pena dele ao pensar que nunca mais o deixavam sair. E não era mau rapaz, apesar de tudo...
Mas o prestígio dos seus históricos habitantes tudo abafou. Ninguém soube que jogávamos a dinheiro no Avenida, uma formidável caução tirou o João Passarinho da prisão e todos passámos a ter muito mais cuidado com o dinheiro com que ele nos pagava as dívidas.Mas uma coisa vos garanto: ele pagava… era um homem de honra, de palavra…
Sem comentários:
Enviar um comentário