O primeiro ano em Económicas foi uma espécie de anúncio do desastre.
A passagem por Leiria já não tinha sido famosa com as notas a caírem de forma abrupta, alguns disparates pouco significativos e uma intensa fixação numa garota, o que terá levado um dia o Dr. Armando a afirmar: «Ele tinha obrigação de ter notas muito melhores».
A passagem por Leiria já não tinha sido famosa com as notas a caírem de forma abrupta, alguns disparates pouco significativos e uma intensa fixação numa garota, o que terá levado um dia o Dr. Armando a afirmar: «Ele tinha obrigação de ter notas muito melhores».
Em Lisboa, enfiado num local onde ao princípio não conhecia ninguém, sem gostar da primeira imagem colhida do curso escolhido, surgiu de imediato a questão: «o que é que hei de fazer para isto passar o mais depressa possível?».
E em breve encontrei a solução: de manhã as aulas e, à tarde, uma passagem alternada por dois históricos lugares de projeção de filmes: O Jardim Cinema, a meio caminho entre a Estrela e o Rato, que se tornava notado por umas magníficas e enormes cadeiras de verga que rangiam após qualquer movimento e o Cinearte em Santos. Qualquer dessas duas salas passava sempre dois filmes. Claro que as fitas não eram grande coisa: escaramuças do Kirk Douglas, melodramas do Elvis e coisas para rir do Jerry Lewis; com um bocadinho de sorte, uma fita de cow-boys com o John Wayne ou o Gary Cooper.
À noite, ida ao café e estudar um pouco, mas o pensamento em Leiria ou em Ourém não permitia que o aproveitamento fosse satisfatório. De vez em quando, compensava a solidão com a escrita de cartas. Mas a verdade é que a coisa foi resultando, a vinda nas férias a Ourém atenuava o sentimento de perda provocado pela ausência, novos conhecimentos surgiram e no final do ano passei ao seguinte com duas cadeiras em atraso, entre as quais a famosa Matemática.
Admiro as pessoas que tiraram cursos de Matemática ou Engenharia, porque as dificuldades que senti naquela cadeira e o que eu os via estudar em mesas de café me transmitiam sempre um sentimento de incapacidade. Oh! Como estavam longe os tempos do Fernão Lopes em que me sentia o às do pedal.
Pergunto-me se este percurso terá sido exclusivamente meu ou se as pessoas que leem isto terão sentido algo de semelhante? Como terá sido o seu primeiro ano na Universidade ou a sua primeira experiência bem afastada da proteção dos pais…
Admiro as pessoas que tiraram cursos de Matemática ou Engenharia, porque as dificuldades que senti naquela cadeira e o que eu os via estudar em mesas de café me transmitiam sempre um sentimento de incapacidade. Oh! Como estavam longe os tempos do Fernão Lopes em que me sentia o às do pedal.
Pergunto-me se este percurso terá sido exclusivamente meu ou se as pessoas que leem isto terão sentido algo de semelhante? Como terá sido o seu primeiro ano na Universidade ou a sua primeira experiência bem afastada da proteção dos pais…
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