segunda-feira, maio 04, 2020

Danos colaterais, um testemunho

Naquele dia, àquela hora, a Florência descia a Rua de Castela acompanhada da sua amiga Luísa. Nas suas memórias de Ourém, ela relata que iam carregadas com material de desenho comprado na papelaria Godinho ou na papelaria Joaquim da Cruz: Uma pasta de cartão com papel almaço, papel cavalinho, régua T, estojo com compasso e tira-linhas, esquadro, transferidor, ´´punaises´´, lápis 1 e 2, borracha, tinta da china, guaches,  pincéis, afiadeira, godés, vidro para preparar as tintas, pano para limpar os pincéis.....
A rua tinha uma ligeira descida e ao chegarem quase ao fim, um dos cavalos da GNR levantou-se nas patas traseiras e ameaçou-as. Escorregaram e caíram na calçada. Os elásticos, já sem força, não deram conta da situação e o material de desenho espalhou-se para todos os lados. 
A Florência nem sabia explicar o que tinha visto.
- Parecia um cow-boy em cima de um cavalo com as patas no ar. Que medo!
O GNR, com o bastão, apontava-lhes uma certa direção. 
- Para casa! Já para casa!
Não sabiam se deviam rir ou chorar tão insólita era a situação. A régua T, que era maior do que a pasta, molhou-se e nunca mais conseguiu desempená-la.
Mas, dali, conseguiram aperceber-se de que a miudagem era levada para a esquadra da GNR. E, daí a pouco, todo o CFL estava avisado do que acontecera.

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