Mas era tarde demais.
Naquele momento, começou a ouvir-se no largo frente à casa roxa um grande ruído.
- Liberta a Ciete! – parecia que um grande grupo gritava.
O Estorietas ficou admirado. Chegou à janela que abriu, e deparou-se com uma manifestação de cerca de 20 miúdas: a Ceuzinha, a Mari’mília, a Teresinha, a Livinha, todas com um ar de poucos amigos. E, no meio delas, como sempre, o famigerado linguiça de Madrid.
«Foi ele! Foi aquele sacana! – pensou o Estorietas».
- Que é que vocês querem? – gritou lá para fora.
- Liberta a Ciete. Sabemos que está sequestrada por ti…
- É mentira. Estamos num projeto de pintura que levará a nossa terra à Glória…
- Estorietas, liberta a minha irmã, senão invadimos a tua casa.
- Nem pensem. Sumam-se ou chamo a GNR.
Fechou a janela e pegou no telefone enquanto a Ciete contemplava aterrorizada os seus gestos de louco. Do outro lado, ouviu-se:
- Aqui, posto da GNR de Vila Nova de Ourém. Diga em que podemos servi-lo.
- Fala o Estorietas. Por favor, ligue-me ao comandante. É muito importante.
A ligação não tardou a estabelecer-se. Do outro lado, ouviu a voz do comandante do posto.
- Então, meu caro Estorietas? Como passa? Há muito tempo que não falamos.
- Não há tempo a perder, comandante. Há uma manifestação contra o regime no largo em que se inicia a Rua de Castela. Exigem a libertação de uma tal Ciete, com certeza, uma perigosa comunista.
- Uma manifestação? Em Ourém? Não posso crer…
- Venha imediatamente, comandante. Oiça os urros deles…
E levou o telefone à janela abrindo-a para ele ouvir melhor.
O comandante compreendeu e imediatamente deu uma ordem.
- Guarda Ernesto, mobilize imediatamente vinte guardas e mande aparelhar os cavalos. Temos de intervir na Rua de Castela frente à casa do Estorietas.
- Às suas ordens, meu comandante.
No “atelier”, o Estorietas dizia para a Ciete:
- Não saias daí. Isto vai dar para o torto.
Voltou a abrir a janela e gritou lá para fora.
- Vão embora. Olhem que vão arrepender-se.
Mas a multidão de miúdos não desistia:
- Liberdade para a Ciete! Liberdade para a Ciete!
Pouco depois, os manifestantes ouviram um tropel ruidoso e, pelo largo, viram irromper um grupo de guardas da GNR, a cavalo, e com o comandante à frente que se apercebeu logo da situação.
«Mas não é possível! São miúdos. Aquele Estorietas em que estaria a pensar para falar numa manifestação contra o regime? O melhor é prendê-los e esclarecer tudo».
- Guardas, cerquem os manifestantes e conduzam-nos à prisão, sem violência.
Num instante, os miúdos com a Céu à frente, ficaram cercados pelos guardas e foram conduzidos à força para a prisão da GNR. Aos mais renitentes, os guardas forçavam com uma cabeçada dos cavalos, mas, garante-se, não houve qualquer violência naquela manhã.
No posto, o comandante desmontou, mandou abrir uma cela e ordenou:
- Vamos, entrem todos para aqui! Vamos ter de esclarecer o que se passou.
E mais uma vez, o João e a Teresinha foram parar à prisão da GNR. Desta vez, ele estava no meio de vinte miúdas aterrorizadas.
«Jejjjejjjjjejje. Nunca estive tão bem como neste momento. Espero que o comandante não as mande embora e eu possa consolá-las toda a noite».
Continua na próxima segunda-feira
Naquele momento, começou a ouvir-se no largo frente à casa roxa um grande ruído.
- Liberta a Ciete! – parecia que um grande grupo gritava.
O Estorietas ficou admirado. Chegou à janela que abriu, e deparou-se com uma manifestação de cerca de 20 miúdas: a Ceuzinha, a Mari’mília, a Teresinha, a Livinha, todas com um ar de poucos amigos. E, no meio delas, como sempre, o famigerado linguiça de Madrid.
«Foi ele! Foi aquele sacana! – pensou o Estorietas».
- Que é que vocês querem? – gritou lá para fora.
- Liberta a Ciete. Sabemos que está sequestrada por ti…
- É mentira. Estamos num projeto de pintura que levará a nossa terra à Glória…
- Estorietas, liberta a minha irmã, senão invadimos a tua casa.
- Nem pensem. Sumam-se ou chamo a GNR.
Fechou a janela e pegou no telefone enquanto a Ciete contemplava aterrorizada os seus gestos de louco. Do outro lado, ouviu-se:
- Aqui, posto da GNR de Vila Nova de Ourém. Diga em que podemos servi-lo.
- Fala o Estorietas. Por favor, ligue-me ao comandante. É muito importante.
A ligação não tardou a estabelecer-se. Do outro lado, ouviu a voz do comandante do posto.
- Então, meu caro Estorietas? Como passa? Há muito tempo que não falamos.
- Não há tempo a perder, comandante. Há uma manifestação contra o regime no largo em que se inicia a Rua de Castela. Exigem a libertação de uma tal Ciete, com certeza, uma perigosa comunista.
- Uma manifestação? Em Ourém? Não posso crer…
- Venha imediatamente, comandante. Oiça os urros deles…
E levou o telefone à janela abrindo-a para ele ouvir melhor.
O comandante compreendeu e imediatamente deu uma ordem.
- Guarda Ernesto, mobilize imediatamente vinte guardas e mande aparelhar os cavalos. Temos de intervir na Rua de Castela frente à casa do Estorietas.
- Às suas ordens, meu comandante.
No “atelier”, o Estorietas dizia para a Ciete:
- Não saias daí. Isto vai dar para o torto.
Voltou a abrir a janela e gritou lá para fora.
- Vão embora. Olhem que vão arrepender-se.
Mas a multidão de miúdos não desistia:
- Liberdade para a Ciete! Liberdade para a Ciete!
Pouco depois, os manifestantes ouviram um tropel ruidoso e, pelo largo, viram irromper um grupo de guardas da GNR, a cavalo, e com o comandante à frente que se apercebeu logo da situação.
«Mas não é possível! São miúdos. Aquele Estorietas em que estaria a pensar para falar numa manifestação contra o regime? O melhor é prendê-los e esclarecer tudo».
- Guardas, cerquem os manifestantes e conduzam-nos à prisão, sem violência.
Num instante, os miúdos com a Céu à frente, ficaram cercados pelos guardas e foram conduzidos à força para a prisão da GNR. Aos mais renitentes, os guardas forçavam com uma cabeçada dos cavalos, mas, garante-se, não houve qualquer violência naquela manhã.
No posto, o comandante desmontou, mandou abrir uma cela e ordenou:
- Vamos, entrem todos para aqui! Vamos ter de esclarecer o que se passou.
E mais uma vez, o João e a Teresinha foram parar à prisão da GNR. Desta vez, ele estava no meio de vinte miúdas aterrorizadas.
«Jejjjejjjjjejje. Nunca estive tão bem como neste momento. Espero que o comandante não as mande embora e eu possa consolá-las toda a noite».
Continua na próxima segunda-feira
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