A nova(?) classe empresarial
E ainda não tinha passado um dia sobre os 30 anos do 25 de Abril quando o meu olhar detecta movimentos de criaturas estranhas na TV. Tratava-se da nova geração de empresários portugueses: os tais da produtividade, da economia do conhecimento, das tecnologias da informação e sei lá que mais.
Mas será que estavam a falar de tão importantes realidades?
Não. A sua preocupação era a idade de reforma dos trabalhadores. A sua proposta era passar essa idade de reforma para os 70 anos. Eu até acredito que o que eles gostavam era reformar as pessoas depois de mortas.
Afinal, o liberalismo não lhes ensinou nada. Não foi capaz de lhes mostrar que os potenciais reformados terão andado a descontar durante mais de trinta anos, como que a amealhar um pecúlio para posteriormente descansarem. Que esse desconto, com esse objectivo, terá atingido 35% do seu vencimento. Não lhes permitiu concluir que esse direito é algo que não tem a ver com a sua bondade, é algo de muito real fundamentado em operações económicas em tudo semelhantes às daquele que todos os meses vai pôr uma parte do seu vencimento no banco e que, ao fim de algum tempo, vai lá buscar o que juntou.
Eles não podem nem conseguem ver isso, porque querem viver sistematicamente à custa de se apropriar do alheio, não são empresários, são parasitas com discurso novo reformulado em Harvard e no Mit.
E é uma pena que os sindicatos não lhes consigam dar uma resposta na mesma sede e com um discurso realista, é uma pena que se preocupem mais com bandeirinhas e palavras de ordem inflamadas do que em desmontarem uma concepção tão grosseira que tem a sua razão na confusão entre previdência e Estado.
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