Bolinhas de naftalina (1)
A prenda
Estava quase a adormecer quando oiço, sorrateiros, os passos da Ana.
- Paizinho, comprei-te um DVD.
Levanto-me, agitado, movido pelo desejo de conhecer a novidade.
-É dos Moody Blues. Sei que gostas muito.
Claro que, naquela noite, já não deixei dormir ninguém lá em casa. TIve que ouvir, fazer ouvir, e repetir o que tinha gostado mais.
Era um concerto de 2000 denominado, se não estou em erro, Hall of Fame.
Como estão velhotes. Então o Ray Thomas, apesar da execelente forma vocal, parece sofrer de discopatia acentuada.
Isto dos DVD tem o seu quê de revelador e, ao mesmo tempo, de castrador.
Mostra quem produz os sons, quem interpreta e, nessa perspectiva, ficamos a conhecer a participação de cada elemento no colectivo. Ao ouvir CDs ou vinil, nunca me tinha apercebido da importância musical do atrás referido, sempre tinha reduzido o grupo ao Lodge ou ao Hayword.
Mas, por outro lado, o DVD fixa-nos naquelas imagens. Aquela facilidade de o nosso espírito ser arrastado pela música, percorrer mundos, sonhos, é um pouco diminuída, pois temos o que está perante o nosso olhar a forçar-nos a atenção.
No entanto, valeu a pena e, no bocadinho que sobrou da noite, enquanto tentava adormecer, a minha mente reproduzia: "isn't life strange?..."
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