Delírio do insulto
Ontem, no seu estilo truculento, no noticiário da TVI, Miguel Sousa Tavares insultou miseravelmente os reformados e os trabalhadores da função pública.
Bronca como sempre, Manuela Moura Guedes corrigiu-o, temerosa das audiências, mas apenas relativamente aos reformados. Como ela esquece com facilidade que aquilo que aprendeu para lhe possibilitar o (mau) exercício da actividade profissional foi na televisão pública.
No fundo, o argumento desta gente assenta na inutilidade dos salários e das pensões distribuídas àquelas pessoas e numa falácia, iniciada pelo desavergonhado Medina Carreira, de acordo com a qual o IRS e o IRC quase não chegam para pagar salários e pensões, como se as receitas daqueles impostos fossem alocadas a estas finalidades e não houvesse outras para esse efeito.
MST já nos habituou ao melhor e ao pior. Senhor de boa presença, excelente voz e alguma razão, mas extremamente preconceituoso, por vezes arrasa, com todo o descaramento e com a maior leveza de raciocínio, qualquer que não lhe caia nas simpatias. Desta vez, coube aos médicos e enfermeiros que abnegadamente salvam vidas no interior do Serviço Nacional de Saúde, aos professores que garantem a formação dos portugueses, às forças de segurança (e talvez com alguma razão), aos técnicos dos departamentos governamentais nas mais diversas áreas, aos administrativos, aos trabalhadores do fisco, das autarquias. Tudo foi para o mesmo saco de incompetência e improdutividade. Desta vez, coube também àqueles que com mais de trinta e seis anos de descontos nos parcos vencimentos que tinham, neste momento, descansam um pouco.
Como potencial reformado, garanto desde já: não me importo absolutamente nada que me devolvam, devidamente actualizado pelo índice de preços (isto é, sem juros), o montante dos descontos que já larguei para efeitos de pensão de reforma e prescindir da mesma, se isso me garantir que não sou insultado por bestas como estas.
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