A fotografia não deixa ver, mas permite recordar
Ao lado dos distintos, eram os galinheiros. Mais à frente, na habitação guardavam-se os instrumentos de trabalho, palha para os currais de porcos e era o local onde à noite se faziam as descamisadas. Do lado direito, havia pequenas instalações para os porcos, religiosa e diariamente limpas pelo caseiro, o sr. António.
Ao fundo, distingue-se o espaço onde era guardado o que se retirava dos currais, a palha envolta em dejetos que, mais tarde, era aproveitada como fertilizante. Para a direita e em frente, era a quinta que eu percorria quase diariamente para controlar se tudo estava bem.
A rega era efetuada a partir do tanque. A água seguia alegremente por pequenos carreiros que depois eram desviados para a conduzir às couves, ao feijão, às flores. Eu tentava intervir nessa operação, pois fascinava-me a sua entrada naqueles pequenos retângulos e o envolvimento das culturas e, depois, quando a desviávamos para outro, o sorvar da mesma pela terra. Imaginem as secas que dava ao caseiro a pedir para ser eu a fazer o desvio e ele a não me poder dar a resposta merecida por ser amigo dos patrões...
Muitas vezes aproveitava a água e os carreiros para lá introduzir pequenos paus ou barcos de papel e depois procurá-los nos sítios onde encalhavam.
Os donos da quinta suportavam este meu esforço para me divertir com toda a bondade.
Às vezes, ia mais longe, na direcção da vinha (onde está hoje o parque de estacionamento). Um dia, deparei com um cãozito dentro de um poço, a debater-se para tentar sair. Já não sei como, consegui tirá-lo de lá e então reparei que o pobre bicho tinha as patitas da frente em sangue e as unhas todas raspadas de tanto ter lutado.
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