quarta-feira, julho 19, 2006

Aldeia de macacos

A verdade é que a viagem não poderia ter corrido melhor na velha e estimada viatura do arruaceiro. Pouco mais de duas horas deram para uma aproximação calma com a companheira ao fabuloso apartamento que os iria acolher.
A Pipoca não foi. Tem o péssimo hábito de afiar as unhas nos sofás pelo que, desta vez, não foi ver a região natal, ficando de quarentena a whiskas e água na Parede.
Pouco a pouco, o arruaceiro foi-se fazendo ao novo espaço. Primeiras compras, descobrir locais de interesse... Ao fim de algum tempo, fez-se noite.
A casa tinha uma varanda espectacular. Com dia ainda não muito quente (o pior estava para vir) era agradável estar ali a contemplar, das alturas...
Isso, simplesmente a contemplar...
E o arruaceiro estava nessa contemplação quando o seu sossego foi perturbado por nova sonoridade. Lá em baixo, no bar, acompanhado por música de plástico previamente gravada, o grande cantador algarvio ergue a sua voz. Pouco depois, começa a ser acompanhado pelas meninas e meninos e por toda a cambada de burgessos que por ali passavam...
Era o Delilah, o Sweet Caroline, o Wonderful Tonight, tudo berrado, mal cantado e acompanhado de gritaria e palmas...
Não contente com isso, lá ao fundo, num rodízio que denominei de Boisano, mais um cantador, puxava da música a metro e desatava a cantar em berraria que ultrapassava em muito o espaço de origem.
Ao lado, uns cachopos punham também o seu rádio a tocar.
Aquilo tudo dava vontade de rir. As músicas eram postas cada vez mais altas para se sobreporem às concorrentes. E durou horas e horas...
No final, foi a aproximação ao quarto de dormir. Mas o ruído não cessou. Acabada a música, vieram as conversas para ajudar a passar mais tempo, tudo a entrar por aquelas janelas e a perturbar o descanso do guerreiro. Enfim, cada macaco manifestava-se como podia numa notável contribuição para um ruído colectivo que, dada a situação, acabava por se tornar hilariante...

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