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Todos os adoram, todos os respeitam…
Todos?
Não, há um oureense que não quer que os seus conterrâneos tenham o prazer de ver aqueles produtos no mercado. E idealiza o crime perfeito…
- Esta noite – diz a famigerada criatura aos capangas – quando soarem as 24 badaladas do sino da Igreja, pegamos em alguns cestos e, sem ninguém nos ver, vamos sacar os melões aos comerciantes.
E assim fizeram.
Só que não sabiam que estavam a ser vistos. E o seu comportamento não foi muito profissional. É que, em vez de comerem os melões, jogaram à bola com eles no adro da Igreja.
Cansados, saciaram-se e atiraram as cascas para o meio da rua. Sempre sob o olhar vigilante do narrador que os reconheceu a todos menos um, exatamente, o famigerado chefe. Quem seria a tenebrosa criatura?
O narrador sacou de uma máquina fotográfica e disparou. O inesperado clarão assustou os meliantes:
- Um relâmpago… vem aí uma tempestade.
- Já oiço os trovões. Fujamos…
E aquele grupo de malcomportados fugiu a sete pés, deixando os cestos e os despojos do seu crime espalhados pela rua. Eram tantos que nem o sr. Godinho conseguiu abrir a horas.
Entretanto, o narrador dirigiu-se aos seus estúdios privativos e revelou a fotografia, a qual, dados os condicionalismos noturnos não ficou muito clara… mas permite esclarecer umas dúvidas…
Sim, meus amigos, aquela figura amacacada é bem conhecida no nosso tempo, na nossa Ourém...
No dia seguinte, no Avenida e no Central não se falava noutra coisa: um estranho surto de diarreia afetava alguns jovens oureenses. Tinha sido provocada por uma overdose… de melão.
Nenhum dos criminosos pagou pelo seu crime, o narrador também não os denunciou, nunca mostrou a fotografia a ninguém até hoje, mas sabe-se que um deles, envergonhado, fugiu da terra e refugiou-se em Madrid. Para compensar as saudades do Atlético oureense, tornou-se sócio do homónimo da cidade.
Hoje, a foto do bicho vê a luz do dia pela primeira vez. Reconhecem-no apesar do disfarce? Olhem aqueles joelhinhos em perfeita simetria...
Não voltes a Ourém, malvado colchonero! Tens uma dívida a pagar ao homem do melão…
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