Perguntámos ao simpático anfitrião qual a razão para uma capoeira tão estranha à entrada de casa.- Sabem – explicou ele – quando tinha quinze ou dezasseis anos, em Ourém havia a mania de assaltar galinheiros e fugir com a bicharada cozinhando-as logo de seguida. Um dia, o João pôs-me ao corrente de uma tentativa de assalto à nossa quinta e eu tomei de imediato as providências. Claro que, para o compensar, eu próprio cozinhei aqui uns sete ou oito frangos e galinhas e convidei-o a ele, aos irmãos e aos primos.
Grande manhoso este João Passarinho. Avisa a potencial vítima para receber a compensação.
- Mas que medidas tomou?
- Abati as aves, cozinhei-as e pus estas imitações na capoeira. Na noite escura, eles não se aperceberiam…
- Nem com o estranho silêncio das aves?
- Galinha adormecida não faz barulho…
- Mas nunca lhe levaram as imitações…
- Curiosamente, não. Fizemos aqui uma grande festa com os frangos e as galinhas, mas os ladrões nunca vieram. Nem sequer tentaram…
Pois não, já lá estavam dentro…
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