A Ficha Técnica
Fui chamado à CNE e, com algum espanto, surge à minha frente o PM.
- Oh, meu caro Luís! Nem sabe como tenho apreciado as suas crónicas no Ourém, mas aquela sondagem… o meu amigo não sabe que não deve divulgar sondagens sem a respectiva ficha técnica?
- Meu primeiro, V. é muito amável, mas devia ter percebido que aquilo não era uma verdadeira sondagem…
- Não era?
- Não, meu primeiro, pelo menos no sentido técnico do termo. Aquilo era uma sondagem interna, uma introspecção. O seu resultado representa o meu apreço pelos princípios que movem aquelas forças partidárias e que até podem andar esquecidos dos seus militantes…
- Então como é que justifica os 35% do PS?
- É o meu amor à liberdade e à solidariedade tão caras a esse partido. Liberdade política, liberdade de estabelecimento,…
- Liberdade de despedimento…
- Pode ser, mas têm a solidariedade e aquelas medidas todas para minorar a situação dos que sofrem. Não é como o meu primeiro que manda milhares de professores para o desemprego e nem lhes atribui subsídio adequado à situação apesar de eles serem sujeitos a contribuições sociais em tudo semelhantes às de outros profissionais.
- Luís, V. é muito cruel. E como é que explica 25% na CDU?
- Corresponde à necessidade de caminharmos para uma verdadeira igualdade em todos os aspectos da vida social e económica, à necessidade do controlo estatal sobre aspectos do desenvolvimento económico. A economia tem de ser orientada, há liberdade de iniciativa nessa perspectiva.
- Já estou com suores frios. E agora vejo aqui 25% no bloco, nesses herdeiros do Mao e do Trotsky. Como justifica isto?
- Revolução cultural, meu primeiro. Mais educação, mais civismo, mais cultura, isto é, outra cultura. E em tudo isto, revolução permanente. Mas sempre com respeito pela liberdade e interesses das pessoas.
- Vá lá, ainda atribui 15% aos que me apoiam…
- É verdade, eu não rejeito a necessidade de eficiência e dos respectivos indicadores, mas subordino-a à satisfação das necessidade sociais. E o cidadão precisa de segurança. A polícia é para andar nas ruas e deve ter o objectivo de nos proteger dessa malandragem que invadiu o nosso país, não trabalha e é produto do tipo de desenvolvimento que as forças dominantes nos trouxeram recentemente…
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