Já era um revolucionário de primeira. As fugas frente à polícia foram umas tantas. O curso estava quase acabado e eu sentia que, com os ensinamentos de Marx e Engels, conseguiria mudar o mundo. Presente estava sempre uma daquelas teses sobre Fuerbach:
até agora os filósofos não fizeram mais do que interpretar o mundo, quando o que interessa é transformá-lo.Um dia encontro o Zé Domingos que, possivelmente, tinha passado pelo Poço. Parecia um enviado do futuro.
Sabes, Luís, estivemos a falar e entendemos que devíamos aproveitar os jornais de Ourém para fazer alguma coisa pela terra. Queres colaborar?
Foi dito e feito. A partir dessa data e, talvez por dois ou três anos, os leitores do Notícias de Ourém e do Ourém e seu Concelho não conseguiram livrar-se de mim e das minhas brilhantes análises. Causei alguns incómodos aos directores dos dois jornais, Luís Rito e Melo, mas o certo é que sempre me trataram bem. Quantos aos benefícios para a terra é que talvez sejam de mais difícil contabilização.
Karl Marx inundou Ourém.
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