terça-feira, janeiro 04, 2005

A saúde não é um negócio!
Por 1bigonbalcao

A saúde no meu entender não é um negócio nem pode estar sujeita a modelos que a empurrem para tal. O S.N.S. que existe está classificado entre os dez melhores do mundo.

O cheque saúde como normalizador de um sistema público e privado funcionaria sempre como uma forma de estrangulamento do primeiro. Porquê?

- Os grupos bancários que controlam o sistema privado estão apenas interessados em sectores lucrativos que são aqueles a que normalmente acorrem maior número de "clientes", como por exemplo as ortopedias, oftalmologias, cirurgias, deixando para os públicos as oncologias, as medicinas, certos tipos de cirurgias cardíacas e outros serviços mais dispendiosos, nomeadamente os cuidados primários de saúde que ficariam sempre para o estado e onde o investimento está muito aquém do desejável. Tendo isto em conta a distribuição das unidades de saúde e das suas especialidades (caso se aprofunde a existência de dois sistemas) assentaria em análises económicas do seu "mercado" e não atenderia às necessidades e prioridades dos seus utentes. Posto isto chamava a atenção para o facto de Portugal, sendo um dos países mais pobres da Europa as necessidades da larga maioria da população serem bastante dispares das minorias mais abastadas (exemplo disso é o tipo de patologias de maior incidência quando comparado com os países ricos do norte da Europa).

O acesso aos privados estaria sempre dependente da capacidade financeira do indivíduo (a dívida da saúde é actualmente superior a dois mil e sessenta milhões de euros - há clientes à espera desde 2003!), não me pareçe portanto que houvesse assim condições para rápidas indeminizações dos gastos do utente.

No controlo dos bancos sobre os grupos de saúde privados deve ter-se em conta até onde vai este domínio, por exemplo o grupo Mello controla a A.N.F.(associação nacional de farmácias)com tudo o que daqui se pode depreender!

Durante a implantação do novo modelo de gestão hospitalar de tudo se viu um pouco, desde a decadência das condições de trabalho que resultam obviamente na diminuição da qualidade dos serviços, porque para gerar lucro os privados imediatamente apostaram numa lógica de exploração dos trabalhadores, que pretende destruir a contratação colectiva instalando uma enorme precaridade nos Hospitais S.A..

Acabo com uma história que se passou em Ourém. Em meados do ano passado, uma jovem sofreu no local de trabalho um amputação de um membro superior, passou pelo nosso (rídiculo) Centro de Saúde (um local onde se não for para receitar aspirinas não vale a pena ir, porque não possui os mínimos meio complementares de dignóstico), deste centro foi para Leiria, de Leiria foi para Coimbra (não tenho a certeza se voltou para Leiria, uma coisa é certa o braço é que não foi reimplantado no local).

A saúde é um direito inalienável. Veja-se como são as coisa nos E.U.A., ou veja-se as mazelas provocadas pelo plano Margaret Thatcher no Reino Unido, que de resto é em tudo idêntico ao modelo forçado no nosso país.

Para se corroborar convenientemente as afirmações aqui desenvolvidas pode sempre consultar-se o relatório do Observatório Nacional da Saúde.


Sem comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...