sexta-feira, março 11, 2005

11 de Março de 1975

Ainda se fazia a festa, pá...
A Teresa e o Luís Nuno (na altura conhecido, no meio, por Barbas e seu companheiro),viviam em Alpiarça. Eram ferozes anti revisionistas, de extrema esquerda, mas sempre conviveram com os 'inimigos' e respeitaram-se mutuamente, ao ponto de o Luís Nuno ter feito parte da Direcção da maior Associação Desportiva e Recreativa - Os Águias.
Eu, sempre hesitante, estava no Exército ligado a uma estrutura do COPCON. Puxava para a extrema, mas recusava-me a atacar o PCP.
Tínhamos a ilusão que as coisas podiam avançar, mas já havia a certeza de que alguém não apoiava. Spínola armadilhou os paras e atirou-os contra o RALIS. Houve perda de vidas. O soldado Luís foi martirizado e imortalizado.
Ficámos em alerta máximo uns dias. Foram horas em que, para além dos nervos, se conseguia, apesar de tudo, jogar xadrês enquanto as forças em conflito se reequilibravam.
Tive a honra de num desses dias ficar de vigilância à casa, em Cascais, desse ser magnífico que foi conhecido como Camarada Vasco que, poucos dias depois, se não estou em erro, declarava a nacionalização da banca.
Começou a ver-se o processo avançar. No Governo, Silva Lopes e Mário Murteira não se manifestavam contras as nacionalizações, eu penso que até apoiaram, apesar de, agora, exibirem alguma hesitação quando falam no assunto.
Mais de 1000 empresas entraram em autogestão. Os capitalistas, quando sabotadores, fugiam ou eram presos. Houve excessos? Sem dúvida. Mais tarde, houve coisas erradas que viraram as pessoas contra nós. Mas foi bonito...

1 comentário:

Anónimo disse...

Como ouriense gostava que o nome de ourém não fosse usado como titulo de um blog que mostrasse tendências politicas.
No caso deste blog talvez devesse ter o nome esquerdad'ourém. para não confundir quem quer que seja sobre ourém, terra de pessoas de esquerda e de direita.

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