Esta manhã, quando cheguei ao blog, tinha lá este comentário (sempre esperado, sempre desejado) do Sérgio
Bom dia, Luís
Na ressaca de uma noitada com o Helder e amigos - em que fizeste falta! - apanho com a tua interessante caracterização ministerial e com este a nota sobre impostos. Regresso a um 'outro mundo'. E lembro, do meu velho Quelhas, o que retive sobre impostos directos e indirectos, sua diferença na vertente social, Indirectos quase-cegos e naturalmente injustos, directos susceptíveis de concretizarem alguma justiça social. Em Portugal, a questão maior nos impostos parece-me estar no seu pagamento: quem paga e quem não paga. E porquê?
Desculpa lá, Luís, mas receio bem que o teu benefício da dúvida, a tua esperança, seja bem mais querida e cíclica ilusão. Legítima mas muito perigosa em política!
E dou por mim a matutar: terei feito mal em depositar esperanças no PS, em dar o benefício da dúvida (até Setembro, lembrem-se) a este governo?
Será que o ministro fez mal em aludir a uma possível subida de impostos? Eu até o compreendo: isto está tão mau que, se o homem não quiser provocar muitas feridas sociais, tem que buscar mais receita. Ele vai procurar mais receita para não utilizar as receitas que a direita tem engatilhadas: despedir funcionários públicos e diminuir e atrasar reformas de pensionistas. Então até parece que é legítimo.
Mas, parece que foi ontem: recordo um encontro de Sócrates com os empresários, um encontro em que ele próprio se atreveu a brincar:"Meus senhores, os impostos não vão aumentar". Ao longo da campanha isto foi sendo reafirmado e não foram precisas 24 horas sobre o anúncio do novo governo para aquela promessa ser desmentida.
Com Durão foi a mesma coisa. Este até prometeu um choque fiscal que se traduzia em baixar impostos e depois foi o que se viu.
Assim, é com muito desgosto que vejo os políticos a recorrerem sistematicamente à mentira. Não sou eu que crio e vivo em ilusões, eles é que usam sempre promessas que não querem cumprir com o objectivo de cativar o eleitorado.
Choca-me e entristece-me muito que isto aconteça na área política que eu considero mais recomendável. Aliás, gostava que os socialistas oureenses se pronunciassem sobre isto. Concordam com o que está a acontecer? Ou devo preparar-me para que amanhã Sócrates venha já desmentir o seu colaborador?
Há dias, em conversa com um amigo mais causticado com a actividade dos políticos, ele dizia-me: "sabes, Luís, estou convencido que o problema não está nas doutrinas, nos programas. O problema está nas pessoas que as vão pôr em prática". E continuava com uma enormidade destas: a social democracia e a democracia cristã são tão ou mais capazes de trazer a felicidade às pessoas e a justiça do que o socialismo. Basta que os seus praticantes lhes respeitem os princípios".
É verdade, teria sido preferível que Sócrates dissesse: "meus amigos, eu não sei o que vou encontrar. Tentarei não aumentar os impostos, mas se tiver de ser...". A política tem que ser a actividade mais transparente do homem. Um partido só merece o nosso voto depois de nos dizer tudo o que poderemos esperar da sua actuação.
Uma nota adicional sobre a questão dos directos e dos indirectos. O Sérgio tem razão quando me lembra a mensagem do Quelhas quanto à concretização de alguma justiça social. O problema que estes teóricos do Quelhas e das outras escolas esquecem é que isso implica um sistema de informação fidedigno sobre os rendimentos. Que nunca se implementa e que atira os impostos directos sempre para cima dos mesmos. Assim, em determinado contexto, não me parece errado que o padrão de consumo indicie o tipo de contribuinte presente e tentar fazer justiça a partir do mesmo, no seu acto: isentar leite, arroz, carne e outros consumos de primeira necessidade e taxar a 40 ou 50% bebidas, altas cilindradas e consumos de luxo não prejudicará os explorados e oprimidos a não ser que eles andem a esconder a sua verdadeira situação.
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