quarta-feira, março 09, 2005

O rocinante do Far-West
Por Marco Jacinto

Enraizou-se nas populações de Ourém a infeliz associação entre religião e os partidos de direita.

O hábito instalado não sobreviveria sem o necessário reforço das pessoas que ou são influentes socialmente, ou se associam ao “hábito” para fortalecerem a sua posição.

É preciso pois ter em conta os constrangimentos que resultam para o indivíduo quando este rompe com o hábito, um fenómeno do comportamento animal sobre o qual muitas questões permanecem sem resposta. É fácil perceber que tendo-se conseguido estabelecer estes laços de promiscuidade entre religião e política (e o clero pouco se marimbando para os resultados na vida das pessoas que resultam das suas dominicais orientações), quando o indivíduo quebra o “hábito” do voto ele simultaneamente sente uma diminuição de pertença à sua comunidade religiosa porque tal como um reflexo condicionado ele associa essa quebra a uma inflexão na sua fé.

O que me parece demonstrar o constrangimento que provoca a quebra do hábito, é o facto de ser claro para toda a gente a mediocridade das pessoas a quem estão entregues as responsabilidades da autarquia e muitos não hesitam mesmo em referir a forma ostensiva como algumas dessas pessoas vivem, sem que se lhe conheçam heranças ou outras proveniências de bens por vias legais.

Mais triste são aqueles para quem o “hábito” não foi adquirido pela hipótese acima lançada, mas sim por este “hábito” se ter transformado num excelente cavalo de batalha político/social. A estes contarei apenas esta história:
Um dia um padre numa cidade do Far West sem saber comprou um cavalo que tinha sido montado durante muitos por um bêbado inveterado. O rocinante obrigava o seu reverendo a parar diante de cada taberna e a parar pelo menos durante alguns momentos. O pastor arranjou por isso má reputação entre os fiéis e acabou, desesperado, por se tornar mesmo um bêbado.

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