Encontros do 3º grau no primeiro dia de Feira
Durante a tarde, a feira fervilhava. Por todo o lado se fazia negócio, se jogava, se utilizavam as diversões. O som dos carrinhos de choque tomava conta de tudo criando uma animação muito especial.
O Zé Rito (Avião) e o Mina Guta encontraram-se na rua da Olaria e foram na direção da feira.
- Vamos dar uma volta nos automóveis – dizia o Zé Rito.
- Não posso. Não tenho dinheiro – e rapidamente o Mina Guta contou a estória passada na padaria.
- É muito injusto – disse o avião. – Mas podes acompanhar-me no meu carro e fazes tu de piloto virtual.
Assim, o Mina Guta, apesar de não conseguir sentir toda a adrenalina dos carrinhos de choque, conseguiu fazer algumas viagens nos mesmos como pendura do Avião.
A noite chegou e a diversão continuou por algumas horas. O Zé Rito e o Mina Guta foram jantar e pouco depois regressavam.
- Agora vou andar no Carrossel – disse o Zé Rito. – Não te posso levar porque ali cada um paga.
- Não faz mal. Vou até ao Poço da Morte. Mesmo que não tenha uma borla, sempre posso ouvir o ruído.
A noite foi passando. O Zé Avião não voltou a encontrar o Mina Guta.
«Se calhar, já se foi deitar…».
Por volta da meia-noite, as pessoas começaram a recolher. Os divertimentos começaram a ser desligados.
«Vou fazer a minha maratona no jardim…»
Era um hábito do Avião. Todas as noites fazia 20 voltas ao jardim, utilizando o seu circuito interior mais largo. Mantinha assim excelente forma física.
Quando terminou, saiu perto da Câmara e tomou a direção de casa. Não se via ninguém. Silêncio. Escuridão.
Passou junto aos carrinhos de choque. Ali estavam eles, na sua pista, bem arrumadinhos a descansar para o próximo dia de feira.
«Era bom que todos os dias do ano fossem assim.»
De repente, sentiu um arrepio. As luzes da pista ligaram-se e, sem se ver qualquer pessoa, um dos carrinhos começou a deslocar-se. Ficou de boca aberta.
«Mas… não é possível.»
O carrinho continuava o seu caminho. O Avião iria jurar que, quando passou junto a si, afrouxou e quase pareceu convidá-lo a entrar. Depois, acelerou, deu mais uma volta e estacionou. As luzes foram desligando e o silêncio e a escuridão voltaram ao local.
«Amanhã, ninguém acreditará em mim no CFL. Há um fantasma na pista dos carrinhos de choque.»
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