terça-feira, maio 11, 2004

Racismo e Xenofobia
A pobre miúda não ganhou para o susto.
A Carla é uma trabalhadora administrativa nas piscinas municipais de uma terra não muito longe de nós, Santa Marta de Penaguião, e estava no local errado no momento do assalto. O caso foi relatado pela TVI, no domingo à noite, antes do Prof. Marcelo.
Agrediram-na, esfaquearam-na e, não contentes com isso, regaram-na com gasolina com a intenção de lhe pegarem fogo. Salvou-a o facto de alguém andar nas imediações e os manguelas acabaram por fugir com os trezentos euros relativos ao feito.
Os executantes de tão valente acto foram identificados como romenos.

Irmãos de esquerda, vou ser politicamente incorrecto, não estou nada contente com a multiplicação deste conjunto de acontecimentos. A minha preocupação não é propriamente uma obcessão com a segurança, mas espelha a minha perplexidade pelo que vai ganhando forma neste país. Cada vez mais somos sujeitos a barbaridades como as relatadas e não se vê qualquer acção para as prevenir ou combater. Assim, os meus sentimentos de racismo e xenofobia têm crescido exponencialmente. Há dois anos ainda tive alguma esperança que o Paulo fosse para a Administração Interna, mas o nosso querido primeiro pô-lo a mascar pastilha elástica, a brincar às guerras e com submarinos, assim não temos ninguém que tenha a coragem de fazer aquilo que o PS não é capaz quando lá está.

Há alguns anos, fui eu. Ia para casa, todo contente, bem cansadinho, pelos 21.30 h, depois de um dia bem trabalhado quando, no comboio, um bando de indivíduos de alma e pele muito negras me deu uma monumental sova e me mandou para o hospital de olho ao peito e a sangrar. Depois lá veio a Polícia, com aquele arzinho muito compungido, para tomar conta da ocorrência.

Fico fulo quando assisto a casos destes. Fulo com a polícia e GNR que só servem para tomar conta da ocorrência, e que não servem para evitar a ocorrência. Uma coisa que me interrogo dezenas de vezes é porque é que as forças da ordem (?) só aparecem para malhar nas pessoas quando são manifestações de estudantes e desempregados, que mal especial é que estes fizeram? Quando há notícia de um gang do tipo do relatado, fazem o possível para aparecer depois ou para estar ocupados com a multa do mal estacionado.

Mas a minha indignação tem de ir mais longe. Nada me move contra os imigrantes, idêntica raiva me move contra os nacionais que praticam tal vandalismo, mas o que é que esta canalha como a que maltratou a miúda, vem fazer para o nosso país? Porque não os agarram e os põem lá nos maravilhosos países de onde saíram? Quem quer viver connosco tem que aprender a respeitar o nosso modo de ser e a comportar-se decentemente. Pode pôr em causa o sistema económico e político, mas não tem que vir estoirar com as boas relações entre as pessoas, isto é, com uma vivência que não precisa nada do mau contributo deles.

Ourém ainda é um sítio pacato, pouca notícia existe sobre estas coisas, mas o Norte é uma desgraça e, mesmo aqui, na minha localidade habitual, Parede, a saída à rua já é uma aventura quase radical. Há mais de 25 anos que todas as noites faço um percurso de pouco mais de um Km para beber café e andar um bocado. Sempre correu bem, mas recentemente, aparece-me cada manguelas mais esquisito a meio do caminho ou de automóvel que começo a ter receio de tal passeio. É o aspecto, é o som, é o comportamento, é o movimento, são as companhias tudo isto se tem degradado em escala assustadora. O mesmo deve passar-se com outras pessoas que cada vez menos se atrevem a sair à rua sozinhas a partir de certa hora. Isto é uma maravilha, mas, com esta escumalha, mete respeito.

Peço desculpa por este desabafo. Sei que existem razões muito para além daquelas que conhecemos para justificar tais coisas. Mas não as posso esquecer, nem desculpar. Se isto é a Europa, bem podem parar já. E compreendo perfeitamente se o povo começar a dar a esses agentes da barbarie o tratamento que merecem e que a justiça parece ter relutância em assumir. Há que correr com eles daqui para fora! Não são dignos do país por que tanto lutámos para lhes oferecer de bandeja e eles estragarem.


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