Ourém precisa de mudança no poder autárquico - 6
A comunicação social trata a rotura nas negociações entre o PCP e o PS visando uma coligação para a Câmara de Lisboa afinando pelo mesmo diapasão, repetindo as razões, ou aludidas razões, para essa rotura, que teria ocorrido por “terem sido os comunistas a tomar a iniciativa de “suspender” as reuniões conjuntas”. “Razões” que se resumiriam a duas: o PCP não reconhecer “que, perante o actual cenário eleitoral, não faz sentido reeditar a coligação nos termos de 1997”; ser a posição dos comunistas reacção “aos quatro princípios “basilares” para o acordo enunciados na carta do PS. Entre eles, a integração do Bloco de Esquerda como “parceiro indispensável e de pleno direito” e a posição de supremacia do PS”.
Ora existem razões do PCP, mas são outras e são públicas… embora não publicadas. Num esclarecimento no Avante! leêm-se:
1º - O PCP sempre manifestou disponibilidade “para o exame das possibilidades de reedição de uma coligação em Lisboa”, que, entre outras coisas, se traduziu na proposta de encontro com o PS, formalizada em 2 de Março embora só a 13 de Abril tal encontro se tivesse feito; entre essas datas, verificaram-se “novas convergências do PS com o PSD”, e “se multiplicavam notícias do desenvolvimento da actividade de candidatura do PS e de decisões unilaterais em matéria de linhas de campanha”.
2º - Houve 2 encontros, em que o PCP sublinhou pontos basilares: “reconhecimento do papel dos dois principais partidos de uma eventual coligação – PS e PCP – sem posições de hegemonia ou comando”; “respeito pelo percurso, presença e património do PCP nas autarquias da cidade ao longo de mais de 30 anos”.
3º - A concepção de uma coligação baseada no reconhecimento dos dois partidos “em nada seria contraditória com o possível e desejável alargamento a outros partidos, designadamente ao Bloco de Esquerda e ao Partido Ecológico os Verdes”, e sublinha-se serem “inteiramente falsas as insinuações quanto a uma alegada oposição à integração do BE na coligação”.
4º - O PCP reforça a necessidade da coligação ter em linha de conta “a experiência, percurso e presença de cada um dos principais partidos no quadro das coligações que a precederam” e lembra que, quando se formou, não reivindicou qualquer supremacia apesar de ter, então, 27% contra 17% do PS, 5 contra 3 vereadores, 12 contra 0 juntas, 300 contra 170 eleitos, o que não impediu que, com todo o realismo e privilegiando os interesses da cidade, aceitasse posições do PS que não correspondiam à real influência, como a presidência da Câmara ser para Jorge Sampaio.
5º - Aquilo a que o PCP se recusa é a ser visto como “força de apoio a projectos e objectivos eleitorais de outros”.
6º - Na sequência da 2ª reunião realizada a 20 de Abril, onde as questões colocadas pelo PCP pareceram ter tido bom acolhimento por parte do PS, dois dias depois o PS enviou uma carta contendo princípios novos contrariando frontalmente as considerações expostas como elementos irrenunciáveis à reedição da Coligação.
7º - Por estas razões, que são as suas e não outras, o PCP decidiu prosseguir a sua intervenção de acordo com o seu trabalho e responsabilidades na cidade de Lisboa.
8º - Por outro lado, salientam-se as diferenças nos projecto concepção do poder local que emergem das posições que o PS vem tomando, como quanto à revisão da lei eleitoral.
9º - Assim, o PCP, à margem de lógicas aritméticas na distribuição de lugares ou estritos critérios de interesse partidário, quer confirmar-se, no quadro da CDU, “em todo o País como uma força indispensável na defesa dos interesses das populações e na construção de um poder local democrático.”
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Sérgio Ribeiro de volta à Assembleia Municipal
Uma vereação em que haja oposição
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