quarta-feira, abril 27, 2005

Sócios à força do Estado Social

Também o sou, há mais de trinta e dois anos.
Sempre com aquela ideia de que descontamos mais do que aquilo que recebemos. Mas na espectativa de um dia receber aquilo a que tiver direito. Foi o que me garantiram.
Não sou abertamente contra os liberais. Tantas vezes amaldiçoei o serviço nacional de saúde por não me atender, os serviços públicos pelo péssimo exemplo de eficência e eficácia, a polícia por não me proteger dos facínoras e bater em estudantes e desempregados, o ensino público por ensinar mal os meus filhos, os do rendimento mínimo por sustentarem vícios e não o garantirem a quem efectivamente dele carece, as finanças por nem me darem uma cadeira para esperar nas monumentais bichas, a companhia das águas por, mal chegar a Ourém, deixar romper os canos ou interromper o abastecimento...
Mas acredito que, se todos cumprirmos o nosso dever, o Estado Social pode, naquilo que tem uma especial natureza, funcionar melhor do que a iniciativa privada e que, se tal não acontece, é porque alguém se demite da função e permite a bandalheira que reconheço existir.
Aceito a mudança do paradigma se quiserem, mas então reponham a situação tal como ela seria se não me levassem no barco: devolvam-me o que me pertence devidamente actualizado e que seria meu daqui a alguns anos. Se fizerem as contas, verão que, possivelmente, não ficarão a ganhar. Mas não escondam a monumental dívida que acumularam perante os sócios de longa data. Caso contrário, originarão uma monumental legião de espoliados.

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