Alvorada no campo
No remoto casal, do cimo da colina
O galo solta a voz vibrante e cristalina.
A calhandra a cantar, da abóbada isolada
Anuncia também a próxima alvorada.
Vivo, mas criador, o límpido nordeste,
Meneia a ramaria ao pinheiral agreste.
Na aldeia, aqui e além, metem o pão tendido –
Remédio da semana – aos fornos em brasido.
Aguilhada na mão, o tardo lavrador
Leva pela azinhaga o carro gemedor.
As ovelhas do bardo, e as cabras do curral
Rompem a tilintar coleando pelo val.
Ao monte, enxada ao ombro, o cavador fragueiro,
A cachopa a bater as pedras do ribeiro,
E o destro naioral, co’a boiada bravia
Lá vão a labutar por todo o santo dia
Inda estrelas no céu. Lá vão. Clareia agora:
As sombras a tremer refogem com a aurora
Bulhão Pato
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