Epigrama
Um rico velho avarento,
Jé bem perto de expirar,
Para fazer testamento,
Manda o tabelião chamar.
Com timbre de voz roufenho
Diz o velho a suspirar:
- “Deixo tudo quanto tenho...”
E não podia acabar.
O tabelião, cansado
Do seu tempo em vão gastar,
- “Tenho escrito”, diz zangado,
“O resto? – queira ditar.”
- “Deixo tudo quanto tenho...”
O velho torna a chorar.
Pára um pouco e diz roufenho:
- “Porque o não posso levar.”
F. Xavier de Novais
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